Esse fim de semana estive imersa em família. O aniversário de 80 anos de um tio (Tio Chiquinho fofo) reuniu em Limeira, interior de SP, grande parte da Carneirada: a alegre e sempre efervescente família da minha mãe. Os "Carneiros" gostam de abraçar, beijar, rir alto, falar alto (bééééééé!), beber bastante (alguns não - bem poucos - vamos ser coerentes! rsrs...), e em comum a gente tem essa egrégora linda que nos alimenta com amor, sempre despretensioso e incondicional, que nos faz ser fortes e fofos, como os animais que denominaram nossa linhagem.
Escutei e vi tanta história de amor esse fim de semana que não tinha como hoje não sentar para devanear. Desperdício não falar sobre. A primeira é a história linda da Tia Léa, que há tempos tenho vontade de contar. Na verdade a história dela dava era um lindo romance, com umas 250 páginas, daqueles que fazem a gente chorar de emoção. Infelizmente hoje eu só vou de resumo.
A tia conheceu seu grande amor na adolescência: o Chiquinho Faria. Um amor infantil mas totalmente recíproco, que teve um fim por pura bobagem, decorrente de uma falha de comunicação e um mal-entendido. Ao se fazer de difícil, coisa que na época as mocinhas faziam muitíssimo, tia Léa perdeu o "bonde". O Chiquinho, chateado com ela, arrumou outra rapidinho. Isso acontece muito... rsrsrs... enfim, o novo namoro do amor da Tia deu certo, pegou velocidade, ganhou seriedade e se transformou em casamento. A moça era muito boa, pessoa de família de gente muito querida, e a Tia Léa, mesmo sofrendo, aceitou de coração o relacionamento, pois sabia que seu amado estava em boas mãos. O amor tem dessas coisas, né? Só que ela nunca mais ocupou seu coração, deixou o amor por ele adormecer, silenciar, ficar ali escondidinho, bem quietinho, imperceptível.... e seguiu adiante.
O Chiquinho foi feliz no seu casamento, teve quatro lindos filhos, mas infelizmente sua esposa adoeceu e faleceu, precocemente. Foi uma tristeza na cidade. Tia Léa também ficou triste em ver o sofrimento de seu ex-namorado, mas o amor (aquele adormecido e silenciado por aaaaaanos) abriu os olhos e disse bem baixinho nos ouvidos dela: "Ai... meu viuvinho!!!". A esperança fez morada em seus dias a partir dali, mas ela, sempre discreta, continuou o amando em silêncio. Passado um ano do falecimento da esposa do Chiquinho, uma irmã dele falou baixinho um dia no ouvido da Tia Léa: "E aí cunhadinha?", o coração deu até uma galopada e ela só pôde sorrir e pensar que algo estava acontecendo para que aquele sinal chegasse até ela!
Depois disso vieram os cortejos e enfim... a reconciliação! Uhuhuhuuuuuuul!! Que alegria pra esse coração que esperou tanto! E eles não perderam tempo, logo se casaram. A tia recebeu com todo o amor do mundo os filhos do primeiro casamento para criá-los como mãe e ainda teve outros três capetinhas (hahahaha...), que são a alegria e divertimento dela. Os meninos (hoje homens só de tamanho e idade!) atormentam tanto a tia Léa que a gente fica até com dó, pegam-na no colo, jogam na piscina, beijam na boca... é muito engraçado, mas é amor genuíno, liiiiiiiiiindo de ver! Tio Chiquinho infelizmente se separou temporariamente da tia outra vez, faleceu anos atrás, mas deixou pra ela uma família que a ama imensamente. Fala a verdade se essa história não merece um livro cheio de detalhes? Isso é amor! E amor é superação.
Nesse encontro de família eu vi também tanta gente com saudade, que perdeu seus entes queridos, mas que estão prosseguindo a vida, se apoiando uns nos outros. Os filhos do tio Garoto, por exemplo, tão cuidadosos com o pai, que também perdeu seu grande amor. Lindo de ver! Isso é amor! E amor é superação.
Eu vi a minha prima Natália (que não via há mais de 10 anos), tão linda e guerreira, positiva, corajosa, com seu filho Inácio (motivo de suspiros constantes na festa, de tamanha doçura e encantamento que o menino tem), que nasceu prematuro e hoje estão lutando bravamente para superar as sequelas deixadas pelo parto fora de hora. Natália é uma lição de vida pra gente. Não reclama, só agradece e prossegue. Isso é amor! E amor é superação.
O próprio tio Chiquinho, o aniversariante, com sua linda esposa Gabriela, que sofrem já pelos filhos que estão batendo asas e vão viver em outro país... tão longe! E mesmo sofrendo, incentivam, encorajam, deixam ir. Isso é amor! E amor é superação.
E a Patrícia, filha do Tio Chiquinho, que organizou a festa com tanta garra, demonstrando a alegria de nos receber em cada detalhe! Gente!! Os docinhos tinham carinha de carneiro! hahaha... olha que carinho mais gostoso! Eu de fogo não tinha coragem de comê-los, de tão lindinhos que eram... aí a Ana Luiza, sempre divertida e avacalhada, veio e espatifou com meu doce numa "dedada" só! Fiquei triste pelo meu carneirinho. Isso é amor! E amor é superação... hahahaha (sacanagem!).
Se eu for contar tudo que observei vou ter que escrever um livro sobre esse encontro lindo de amor. Cada um tem a sua história, a sua dor, a sua saudade. Estamos no mesmo barco porque a vida é assim pra todo mundo, imperfeita, mas linda do jeito que tem que ser. Como é bom ter uma família que nos ama, nos respeita e convive bem com a gente, mesmo com tantos defeitinhos (ou defeitões)!
Família é isso, gente!
Família é amor.
E amor é superação.