Eu tenho muita preguiça de carnaval. Já curti muito, mais jovem, mas hoje preguiça é o nome para a folia desmedida, preguiça de tanta gente que foge da realidade nesses dias onde tudo é permitido. Afe... que preguiça! Nada contra quem gosta, não me queiram mal por isso.... hahahaha.... na vida tem tempo pra tudo, né? Hoje eu só quero curtir o descanso, a sobriedade e a realidade que a vida me permite no momento.
Meu blog é o meu canal de expressão. Abandonei ele por um bom tempo, faltou inspiração, faltou tempo, faltou leitor (eu sei que pouca gente lê...), enfim, vários fatores foram me desestimulando a escrever. Agora estou o vendo como um grande companheiro, que me ouve, que recebe, em silêncio, as minhas ideias e devaneios. Não estou me importando com o "ibope" dele mais, sabe? Hoje me importo pouco com o que as pessoas pensam ou deixam de pensar sobre mim, o que acredito ser um grande avanço... hahaha... é muito ruim ficar aprisionado nos olhares e opiniões alheias, né mesmo? Venho desapegando disso nos últimos tempos e, pode apostar, é muuuuuuuuito terapêutico.
Bom, mas voltando ao carnaval, estou aproveitando aqui para colocar a leitura em dia. Li hoje uma crônica do Luis Fernando Veríssimo e fiquei com vontade de compartilhar e comentar. Vai ela aí:
- Eu sou você se não tivesse ido naquela bola. Não faria diferença. Não seria gol. Minha carreira continuou. Fiquei cada vez mais famoso, e agora com fama de sortudo também. Fui vendido para o futebol europeu, por uma fábula. O primeiro goleiro brasileiro a ir jogar na Europa. Embarquei com festa no Rio…
- E o que aconteceu? perguntamos os três em uníssono.
- Lembra aquele avião da VARIG que caiu na chegada em Paris?
- Você…
- Morri com 28 anos.
- Bem que tínhamos notado sua palidez.
- Pensando bem, foi melhor não fazer aquele teste no Botafogo…
- E ter levado o chute na cabeça…
- Foi melhor, continuou, ter ido fazer o concurso para o serviço público naquele dia. Ah, se eu tivesse passado…
- Você deve estar brincando.
Disse alguém sentado a minha esquerda. Tinha a minha cara, mas parecia mais velho e desanimado.
- Quem é você?
- Eu sou você, se tivesse entrado para o serviço público.
Vi que todas as banquetas do bar à esquerda dele estavam ocupadas por versões de mim no serviço público, uma mais desiludida do que a outra. As consequências de anos de decisões erradas, alianças fracassadas, pequenas traições, promoções negadas e frustração. Olhei em volta. Eu lotava o bar. Todas as mesas estavam ocupadas por minhas alternativas e nenhuma parecia estar contente. Comentei com o barman que, no fim, quem estava com o melhor aspecto, ali, era eu mesmo. O barman fez que sim com a cabeça, tristemente. Só então notei que ele também tinha a minha cara, só com mais rugas.
- Quem é você? - perguntei.
- Eu sou você, se tivesse casado com a Doralice.
- E..?