segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Desconhecida íntima

Meses de silêncio... sumi, né? Pois é... tem umas fases que não consigo escrever. Eu acho que são as fases que sumo do blog e de mim também. Outro dia olhei no espelho demoradamente, olhei, olhei, olheeei e não me vi, até falei pra fulana que tava me olhando: "ei, devolve a Ana que você engoliu! Cadê ela?".  E é desse jeito mesmo, tem tempos que a gente se perde, se desconhece tanto, vai vivendo automaticamente, já não ri, não fala muito, não vê direito a vida que tá acontecendo lá fora, num lugar tããão distante do mundinho restrito que nos engole e nos insere numa solidão apática, sem cor e sombria. Quando identificamos essa fase robótica, se não damos bola.... hummmm, tem um longo precipício pela frente com desfechos que podem ser bem desastrosos. E tristes... bem tristes.

Quando a gente se desconhece, temos saudades de quem achamos que "fomos" e deixamos de ver graça nas coisas, nas pessoas, na gente mesmo. Quem nunca se sentiu assim, né?  E quando estamos vivendo essa parte chata do pacote da vida, que não é só cor de rosa, o universo manda mil sinais para mostrar a beleza de tudo, para mostrar o caminho pra gente se reconhecer e se encontrar, sinais que a gente insiste em ignorar até que... um vento, um rio, um sorriso, um abraço, um ombro, uma luz nos faz acordar! Ufffa...  que alívio sair deste pesadelo! Quando não acontece esse despertar a morte se apropria lentamente... porque viver longe de si, da essência que somos, sem ver graça numa criança arteira, sem se emocionar com uma música que te lembre um momento fantástico da vida, sem querer conversar horas com um amigo, sem rir até perder o fôlego, sem fazer planos, sem sonhar, sem ter o coração descompassado de amor... sem ousar, sem criar, sem se encantar com a natureza, com os sentimentos, com Deus... é não viver. O sumiço destes desejos e sentimentos apagam, gradualmente, a cor da nossa alma. 

Pedir socorro e colo não é vergonhoso, pode ser libertador, terapêutico... pode curar. Não é feio se perder, feio é não querer mais se achar. Consegui escrever hoje, isso pra mim é o começo da volta pra casa. Aos pouquinhos vou me achando e no espelho a moça que vejo já não é tão desconhecida assim... já me vejo lá, mas não gosto de tamanha seriedade. E só de não gostar já tá "morto de bom"! Não gostar de tanta seriedade é abrir os braços pra alegria voltar, mesmo que esteja longe e demore pra vir. 

E só de pensar que ela vai vir... e que tudo vai passar, já sinto a Ana de sempre sorrindo aqui dentro, louca pra dar umas boas gargalhadas!