quarta-feira, 28 de março de 2012

Pedralva que a gente ama


Quem é daqui sabe o valor que essa terra tem. Mas quem é daqui e viveu ou vive há muitos anos longe, sabe MUITO mais o valor grandioso de Pedralva, da simplicidade e bondade das pessoas, das maravilhas das nossas belezas naturais, enfim, de como é bom estar aqui. Vivendo longe a gente morre de saudade, conta os minutos pra voltar, não é assim?

Quando decidi voltar pra viver em Pedralva tudo se clareou dentro de mim. Tudo se alegrou! Vim por amor, por ideologia e por acreditar em todas as coisas boas que podem acontecer neste nosso paraíso escondidinho no meio das montanhas. Vim com vontade de dar alguma contribuição pro progresso dessa terra, por menor que seja, mas que possa fazer alguma diferença na vida dessa gente linda. Vim sabendo que coisa pra fazer tinha, e que era só esperar o tempo certo pra poder ajudar de alguma maneira.

Tem tanta coisa pra melhorar, né? Tantos problemas! Mas a gente ama Pedralva mesmo assim! A gente ama mesmo com as ruas esburacadas, a gente ama com a administração inadequada que judia da pobrezinha, com a falta de valor que alguns cidadãos dão pra ela. A gente ama e sofre.

Sofre porque Pedralva é tão linda e tem taaaaaanto potencial, pra um mooooonte de coisas! Sofre, sofre, sofre e às vezes fica quietinho sem fazer nada, né? É tanta gente boa e bem intencionada calada! Não dá pra acreditar.

Se todas essas pessoas "do bem" se unissem pra virar o jogo, meu Deus! Que coisa linda que ia ser! Eu acredito que isso é possível. Você não acredita?

É hora de sair do silêncio, gente querida de Pedralva! É ano de eleição!!!

Pedralva precisa ser tratada como ela merece!
Porque ela, ME-RE-CE!!!!

segunda-feira, 26 de março de 2012

Siga meus olhares!

Para meditarLuzSopro de felicidadeSublimePintura de DeusMoldura
FamíliaVidaLevezatransparenciaFimPar
SilhuetaQuase postalBandeiraProximidadeSoberaniaDeslumbre
LuaSintoniaBrilho ofuscante duploMolduraReiNo fim

Conheça no Flickr o meu trabalho fotográfico. Fique à vontade!

Nave espacial



Hoje acordei mergulhada na minha infância. Lembrei da forma como eu via a vida cheia de encantamento e beleza, e é claro, com uma miscelânea de mistérios, que despertavam em mim um enorme apetite em desvendá-los, um a um. A vontade de ver o que tem atrás da montanha, que nunca me abandonou. As lembranças de infância nos remetem pra coisas boas da gente, né?

Me vi correndo por todos os lados aqui do sítio, tão pequena, tão sapeca... tão, como dizia a mamãe, "embosteirinha". Lembranças ainda tão vivas! Olhei pra tudo com os olhos de antigamente.

A nossa gigante piscina que hoje se transformou na mansão dos sapos, que me fazem adormecer nas noites chuvosas semi silenciosas , com o mantra que eles entoam para, naturalmente, atrair o amor (Essa é a minha versão "romantizada" da disputa dos machos pelas fêmeas do pedaço! rsrsr.. obrigado pela bela explicação porque os sapos cantam tanto nas noites de chuva, Capela! ).

Nessa piscina tenho uma das lembranças mais lindas da minha mãe. Eu devia ter uns 6 ou 7 anos. Numa das férias inesquecíveis que eu e meus irmãos passávamos na Fazenda Santo Antonio, do Tio Elpídio, eu quis vir embora antes do fim de semana (quando éramos entregues aos nossos pais), porque fiquei com uma saudade louca e inexplicável da mamãe. Então a Tia Vera me colocou sozinha no ônibus "Leiteiro", que trazia os moradores da fazenda pra cidade e a produção de leite de lá, que era destinada como matéria prima pro laticínio do meu pai. Então o ponto final era aqui mesmo. Cheguei, rodei a casa inteira e nada da Dona Cibele! Aí de repente escutei uma "risadaiada" na piscina, corri lá e minha mãe estava nadando com as queridas tias Marias, irmãs dela. Quando me viu, ela deu um sorrisão, meio assutado, e perguntou porque eu já tinha vindo embora, aí eu falei que tava com saudade dela. E ela, com tanto amor, me deu um sorriso maravilhoso e falou: "Ô filhinha!! Então vem aqui meu amor!", aí eu pulei de roupa e tudo na piscina, pra encontrar aquele abraço e aquele colo gostoso. E ali ficamos emaranhadas, com a água quentinha nos envolvendo em uma energia de paz. Era como se o mundo tivesse deixado de existir e só nós duas habitávamos o universo de amor que se transformou a piscina. Saudade... a presença da ausência. É a piscina, que não é mais piscina, que me lembra que não posso mais voltar pra casa antes do fim de semana, porque não vou mais encontrar a mamãe em casa.

A mamãe agora só encontro no coração, onde, juntas, estaremos eternamente abraçadinhas dentro da mansão dos sapos.

Tantas lembranças! Quando comecei a produzir este post de hoje eu queria contar outra história, aí a alma foi vagando, fui deixando fluir e caí na piscina com a mamy's. Ah, tá valendo, né? Então vamos pra onde eu ia começar.

O brinquedo que mais me fascinava era a nave espacial criada pelo Toninho, meu irmão. A nave era o secador de café que hoje fica em frente a janela do cantinho onde trabalho, contando histórias. Ele era imponente, e, para a visão de nossos corpinhos pequenos, era uma máquina gigante e poderosa! Toninho era muito criativo e transformou o espaço onde caía o café, já seco, na cabine da nave espacial, com direito a um moderno painel de controle, direção e toda uma parafernália que alimentava nossa imaginação rumo ao espaço sideral. Para entrar na nave a gente se espremia por um orifício com cerca de uns 30 centímetros. Imagina isso! Toninho era meu herói, o admirava como um astronauta dos mais inteligentes e famosos! Mas ele tinha um ciúme louco da nave, e, que ele não me ouça, minha maior alegria era que a gente estudava em turnos diferentes, então tinha um período livre pra entrar na nave sem maiores repreensões. Lá eu me sentia como meu herói, com um universo imenso para explorar!

A nave era a nossa alegria. Do Toninho, minha, da Cristi e dos primos Juninho, Lica e Gói. Os únicos tripulantes que tinham acesso ao nosso intergalático mundo encantado. A tristeza ficava por conta dos meses de safra, onde o papai desmontava nossa nave pra secar o café. Aí a gente tinha que inventar outras brincadeiras.

Chinelo não parava nunca no pé. Os ardidos "mertiolates e mercúrios" foram então nossos companheiros indesejados de infância. Como nos faziam sofrer!!! Tanta coisa ! Brincar de pique no meio do milharal, descer no cantinho da estrada rodando nas enxurradas. Nossos deliciosos pique niques na árvore gigante!

E tem as coisas tristes também! As brigas com os irmãos, as artes traduzidas em castigos, as palmadas! Os cachorros que morreram... aaai os cachorros! A gente chorava tanto! Cada um que partia era um vazio enorme que ficava, que só era preenchido com a chegada de outro "amigão"de todas as horas. Hoje penso que a morte destes bichinhos na nossa infância são um ensaio, que a vida nos submete, para as grandes perdas que temos que enfrentar mais pra frente!

Quanta coisa do nosso passado que a gente esquece, deixa de lado, apaga, ignora. Quanta coisa que nos formou! Quantos pedacinhos de todas estas histórias, boas e ruins, se transformaram em mim. Somos moldados na dor e na alegria.

A gente fica adulto e esquece daquilo que não foi bom, mas esquece também da nossa parte mais feliz. Aí vem o vazio, a depressão, amargura, apatia... e não sabemos porque, né? Chega uma hora que a infância invade o mundo chato dos adultos e faz um estardalhaço, grita, grita, grita , um grito forte, um grito pra salvar do perigo, pra resgatar.

E quem topa ouvir e embarcar nessa viagem de volta, descobre que as histórias de infância ainda estão vivas, e que são elas que vão trazer pra gente grande parte das respostas pras perguntas que acumulamos na "vida de gente grande".

E estas respostas decifram enigmas e podem nos transformar nos mais poderosos astronautas que já existiram no universo!