quinta-feira, 30 de julho de 2009

De malas prontas







De malas prontas? Como assim de malas prontas? Pois é, estou de malas prontas pra embarcar amanhã para o Brasil. O vento soprou e mudaram os planos. Dentro de mim sensações múltiplas, sentimentos dúbios e confusos. Uma parte de mim está exultante, saltitante com o pensamento de reencontrar minhas filhinhas queridas, meu pai tão amado e toda minha linda família e amigos que são tão importantes pra mim. Outra parte de mim está triste com a sensaçao de que a meta não foi completamente cumprida, esta parte está ciente de que era necessário ficar mais tempo pr0 inglês desenvolver mais. Mas sem o din din, que é o motivo da minha volta, eu não posso concluir esta meta. Não agora. Não pintou mais trabalho, meu programa de estudos terminando, dai pensei bastante e vi que tinha que voltar e retomar minha vida no Brasil. Mas vou continuar estudando porque aqui consegui uma base muito boa e aprendi a gostar do inglês, o que pra mim já é um progresso gigante. Mas a história não acaba por aqui, vou voltar, pra cá ou pra outro País, e da próxima vez minha vida vai junto comigo (Ci e Bia).



Este último mês eu aproveitei pra ir nos lugares que ainda não tinha ido. No comecinho de julho fui pros EUA visitar a Karina, o Lê e o João, lindo da Tia Ana. Fui de busão e demorei 17 horas pra chegar em Decatur, que fica mais ou menos perto de Chicago, em Illinois. Foi uma experiência incrível viajar este tempão de busão, ir vendo as cidadezinhas, as pessoas, as paisagens. É claro, tudo isso com trilha sonora... rsrsrsr. Sempre! Tive que me virar no inglês e deu tudo certo, pimba!!! Mas topei com americano mau educado, na maior má vontade pra dar informação, mas também com pessoas simpáticas, com um sorriso sincero e bondoso. Sabe quando alguém sorri pra você sem motivo, tipo uma pessoa que você nunca viu? Nossa, isso é tão gostoso, principalmente quando você está tão longe da sua terra. Numa das baldiações da viagem eu estava na fila pra entrar no ônibus e uma senhorinha linda que chegou atras de mim me deu este sorriso, não trocamos uma só palavra, mas foi tão mágico! Aí fiquei viajando num monte de pensamentos, como que a gente perde tanto tempo e energia ficando com a cara fechada, né? O sentimento que a senhorinha despertou em mim foi tão gostoso, aí pensei quanta oportunidade a gente perde na vida de despertar este sentimento em outras pessoas, né?



Então, mas depois de 17 horas cheguei e encontrei o abraço delicioso do João que veio correndo ao meu encontro. Nossa, que delícia! Que lindo ele está, grande, falante, figura! Encontrei também as lágrimas de emoção da karina, minha irmã de alma, e o abraço sincero do Lê! Sensação indescritível reencontrá-los, ainda mais em terras tão distantes. Foram dias maravilhosos. Nos três primeiros dias eu e Karina íamos dormir depois das 4 da madrugada... hahahah... conversamos mais do que o homem da cobra, como diz o ditado! rsrsrr... Mas Karina mexeu completamente com meus sentimentos nesta viagem. Numa das conversas da madrugada ela cutucou minhas feridas até quase sangrar, sabe? Sabe aquelas verdades que só amigo de verdade diz pra gente? Coisas que a gente fica tentando esconder da gente mesmo, se auto enganando... e dai chega alguém e puxa aquela máscara sem dó e nem piedade??? Pois é, tratamento de choque... hahahah. Mas foi providencial, porque ela me fez rever alguns conceitos, já empoeirados, envelhecidos e doentes.



EUA é um show, gente! Não é a toda que é a primeira potência mundial. Fiquei encantada com a organização das cidades, as facilidades e praticidades que se tem acesso. Um dia antes de ir embora, Karina e Lê me levaram pra conhecer Chicago. Nossa, Chicago é demais! A cidade respira modernidade e diversidade cultural e artística. Adorei, adorei, adorei! Mas eu sei que foi tudo tão legal porque eu tava com eles, que foram maravilhosos em todos os momentos. Não adianta, o Milton Nascimento sabia muito bem das coisas quando criou em uma de suas músicas a frase: AMIGO É O MELHOR LUGAR. Eu podia ter ido visitar a Karina na "Conchinchina" que ia ser maravilhoso do mesmo jeito.



Fui também pra Nova York no final de semana passado, último findi longe de casa. Foi legal e não foi. Fui numa excursão da escola, com aquela criançaaada, uma espanholada danada que dava até aflição. Mas fui sem conhecer ninguém e não passou disso. Acabei ficando na minha porque minha energia acabou não batendo com ninguém. Fui pra NY sem um puto e a galera numa fissura pra comprar, comprar, comprar... nossa, maior consumismo exarcebado! A programçao da excursão foi 50% voltada pra compras, na Time Square e em outros centros de compras gigantes. Unica coisa que comprei em NY foram dois imãs de geladeira, rsrsrsr... fiquei um pouco incomodada com a fissura das pessoas em comprar, sabe? Nossa, me senti mal. Talvez por isso a minha energia não tenha batido com ninguém. Queria ter estado em NY com algum amigo querido, como a Karina ou tantos outros amigos que com certeza fariam esta viagem ser beeeem mais interessante. Mas foi legal sim, talvez eu precisasse também deste tempo sózinha comigo, né?



Ana e suas coisas! Gente, fiquei perdida no Central Park! Nossa, coisa mais louca. Eu entrei no parque, meio de leve, só pra conhecer e depois ia procurar o museu do John Lennon que eu tava louca pra ir. Só que o Guia não me deu informação direito, ou deu e eu não entendi... vai saber, em inglês isso é sempre possível! Ai fui que fui me achando, quando eu consegui sair do parque tava em outra ponta longíssimo de onde era o ponto de encontro da excursão, e eu tinha só uma hora pra voltar, sendo que eu tinha levado duas pra chegar até ali. Nossa, sufoco! E o pior, eu tinha dois dólares na bolsa... dai parei um taxi e perguntei se ele aceitava cartão, aceitava e fui. E eu não conseguia explicar pro motorista onde era o ponto de encontro da exursão, aaaafe... caipira em Nova York é problema, hein! hahahah... mas aí ele passou em frente e eu reconheci o lugar. Aleluia! Aventura... depois que passou e cheguei no ponto, me deu um acesso de riso de mim mesma, nossa, coisa engraçada depois, mas na hora foi desesperador.



Então gente, mas é isso aí! Minha aventura no Canadá tá chegando ao fim. Já sinto saudades antecipadas da Kênia, do Darren e muuuuuuuuuuita, mas muita mesmo do Lucas! Nós dois tivemos uma empatia visível e inexplicável. Lucas despertou sentimentos muito bonitos em mim. Reforçou minha fé na vida, nas pessoas, em Deus! Com ele lembrei com saudade da Ci e da Bia bebês, da sensação maravilhosa de pegar uma vidinha tão frágil nas mãos e de poder protegê-la, acariciá-la, sentir aquela pele maciiiiia e aquele cheirinho tão próprio dos bebês... aaaai, foi muito gostoso. Eu aprendi a amar esta família e hoje me sinto um pouco parte dela também! Jura, Cid, Daniel, Ieda, bebezinho que vem por aí, Leila, Will, Jane, Kenia, Darren, Lucas e até os que eu não conheço, Acir Junior e Pateras!! Meus amigos de alma, sentimento bonito e completo. Fico pensando como a vida vai traçando nossos caminhos e como uma coisa vai levando a outra. Umas pessoas se vão, outras chegam... com cada uma aprendemos alguma coisa, por menor que seja, mas que nos marca por toda a vida. Aqui no Canadá não fiz muitos amigos, mas os que fiz, vou levar comigo de um jeito muito especial. Cassinha querida, Ali, Josy, Perla e Avi e minha familinha, Kenia, Darren, a querida da mãe do Darren e o Lucas. Poucas e boas pessoas. Mas que fizeram eu me sentir, de alguma forma, especial.



Valeu tudo muito a pena, e vai continuar valendo... porque, com a bolsa dourada, ainda tem muita água pra passar por debaixo da ponte.









terça-feira, 16 de junho de 2009

Weekend Cultural!







Durante 10 dias, todos os anos, Toronto se abre por inteira com a proposta de espalhar as mais diversas manifestações culturais, pelos quatros cantos desta encantadora aldeia multicultural. Estou falando do LUMINATO - Festival de Artes e Criatividade de Toronto, que este ano cedeu um belo espaço para a música brasileira, com a participação de músicos talentossímos, no evento chamado: Brazilian Guitar Marathon, que aconteceu neste sábado, num parque no centro da cidade. O dia tava lindo, aquele céu azul super inspirador, dia propício pra respirar cultura e permitir-se vagar. Então, fui lá, sózinha, assistir a apresentação. Dei este presente aos meus ouvidos com a nossa música brasileira tão linda, com tanta gente boa, com tamanha sensibilidade que emociona de um jeito que dá orgulho na gente, de ser de onde a gente é.


Consegui um lugarzinho embaixo de uma árvore e ali fiquei, me deliciando, por quase 4 horas. Foram 4 apresentações: Luciana Souza, Celso Machado, Yamandú Costa e os irmãos Sérgio e Odair Assad, premiados com o Grammy Latino. MPB de raíz, música clássica, arranjos ousados. Tudo uma delícia de ouvir. Mas o mais gostoso era ver a gringaiada aplaudir de pé a NOSSA MÚSICA! Delicia de ver isso! Juro, eu ficava até arrepiada.


Mas sabe, fiquei aqui escarafunchando na minha cachola pra tentar lembrar, mas acho que este foi o único show que assisti na minha vida completamente sozinha. Por um lado foi gostoso. Mas por outro eu senti falta de uma pessoa. Queria alguém comigo ali naquele espetáculo, alguém que iria ficar tão emocionado como eu de ouvir coisas tão bonitas. Senti vontade de dividir essa emoção... mas pensando bem, eu dividi sim, dividi por pensamento, por energia.


Então, no domingo fui a outro espetáculo, desta vez foi a apresentação do Cique De Soleil - de grátis. Na verdade fiquei um pouco frustrada, porque como era ao ar livre e tinha muita gente, não consegui ver muito bem. Consegui poucas boas fotos. Mas o pouco que consegui assisitir, foi de tirar o chapéu! Nossa, numa próxima vez que tiver oportunidade (e dinheiro, né???) quero ir assistir com calma.


Toronto é assim. Não pára de surpreender.
Sinto que preciso me entregar mais pra essa cidade.
Me entregar mais pra essa oportunidade.


Me entregar.


Bolsa douraaaaaaada!

sábado, 13 de junho de 2009

Pedaços de mim




É muito estranho viver longe da Cibele e da Beatriz. Tem dias que eu me pego pensando, que, aqui em Toronto, sem elas, eu não me sinto eu. E aí sinto que esse eu, sem filhas, sem amigos, sem família, é tão desinteressante e sem graça. Cibele e Beatriz são uma vitória na minha vida. E aqui, sem elas, parece que eu nunca conquistei nada. É claro que estas são apenas sensações equisitas, momentâneas, que passam pela cabeça. Mas a vida sem elas é muito sem graça.
As vezes me pego pensando em o que elas realmente pensam sobre mim e sobre esse meu tempo distante. Coisas que eu nunca vou saber. Mas no meu íntimo eu torço muito, com todo coração, para que elas entendam porque eu estou aqui longe delas. Às vezes sinto que elas entendem. Mas as vezes eu as sinto distantes, um pouco boiando sem entender muito bem porque eu deixei um ótimo emprego, nossa vidinha tão organizadinha e tudo que parecia ir tão bem, em busca de um desafio tão dificil, num lugar tão longe. Como será que é isso dentro da cabeça e do coração, de duas meninas lindas, com 13 e 9 anos???!!!
Eu sei que elas são muito fortes pra aguentar. Me orgulho muito delas por isso, mas meu coração fica cheio de dúvidas. Eu quero muito que elas sejam mulheres fortes. Que sejam mais decididas do que eu. E que aprendam com meus erros. Mas não quero que elas sejam carentes... carentes de amor de mãe.
Como contei no último post, decidi ficar em Toronto até outubro. Daí pedi a ajuda do meu pai pra contar isso pra elas com jeitinho, porque eu queria que elas entendessem direitinho e não ficassem griladas. Mas quando conversei com a Bia e toquei no assunto, ela começou a chorar e eu me parti em 1000 pedaços. Como é difícil ouvir um filho chorar pelo skype, sem poder abraçar e beijar dizendo baixinho: calma, vai ficar tudo bem! E o meu pai, sempre lindo, amigo e atencioso, fazendo a minha vez lá do ladinho dela. Nossa, que difícil. Aí ela falou assim: mas eu sou muito nova pra ficar assim sem mãe!!!
Eu só pude responder que isso ela só vai entender daqui uns anos, quando a nossa vida estiver muito melhor por causa deste esforço que estamos passando, agora, de ficarmos longe. Tudo vai ficar bem. Eu sei que vai.
O que eu sinto por elas é algo muito maior do que elas possam imaginar.
Muito maior.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Trabalhos, sentimentos e decisões











Tenho tanta coisa pra contar que nem sei por onde começar... ando muito relapsa com o Blog. I'm sorry! Mas é que o "bicho" tá pegando por aqui e parece que meu dia voa e não dá mais tempo pra fazer tudo que eu fazia antes. Engraçado!



Começou a pipocar trabalho pra mim como fotógrafa. Essa semana fiz um aniversário de uma socialite e um casamento de uma russa. Coisa mais engraçada eu no meio de um monte de gente falando russo. Afe, se o inglês eu já não entendo direito, imagina o russo! rsrsrsr... Mas mais uma vez a linguagem gestual foi minha aliada. A noiva era russa, mas tanto ela como marido, falavam inglês. Eu estudei bastante o vocabulário fotográfico com N possibilidades, mas na hora do branco era o gesto mesmo... e não é que no fim deu tudo muito certo? Que bom!



Eu não tinha noção do tamanho da responsabilidade de ser contratada pra fotografar um evento. Nossa, quando estou fotografando chego a suar frio pensando no resultado final do trabalho. Na cerimônia de casamento é o que há de mais estressante, porque tem alguns momentos específicos que você não pode perder. Lê-se por perder: desfocar, dar crec na máquina, falhar o flash, etc... etc... etc... E essa ansiedade só passa quando eu chego em casa, descarrego as fotos e analiso o material. E nos últimos três trabalhos consegui respirar aliviada, tudo ficou bem. Ufa...


Maio foi um Mês muito estranho pra mim. Aconteceram muitas coisas legais, como conhecer a Jane, mãe da Kenia, conhecer mais um monte de lugares lindos em Toronto (cada lugar!!! Depois escrevo um post só sobre isso. Prometo!), trabalho aparecendo, o nascimento do Lucas, que trouxe aquela gostosa lembrança da Ci e Bia bebês... maaas, por outro lado, não fiquei bem comigo mesma. Fui muito mal na escola, fiquei insegura, com a auto estima baixíssima... super crise existencial. Chorei muitas vezes e digo que foi o mês mais difícil, desde que cheguei aqui. Foi quando senti mais solidão, mais incapacidade de assimiliar o inglês, mais desespero e medo de não aprender. Nossa, sofri um bocado. Me senti super peixe fóra dágua no meio da gurizada da escola, sem paciência, fechada pra burro... nossa, um clima muito ruim. Um mês pesado na escola e no coração. Me afastei do meu foco. Fiquei fora do ar. Sofri.


Eu sinto falta de escrever aqui. Escrever coloca as idéias no lugar. Acalma os sentimentos. Escrever é uma entrega, uma abertura. Um pedido de socorro. Uma declaração de amor. Muitas vezes em maio sentei pra escrever e as palavras não vieram. O vazio não permitiu

Junho chegou e foi preciso tomar decisões. Mudar o foco, ou melhor, retomar o foco. Respirar fundo pra mergulhar mais de cabeça, com mais fôlego, mais determinação. Eu me envolvi profundamente com a família da Kênia, com o nascimento do Lucas e com tudo que diz respeito a vida deles. Mas quando percebi eu estava vivendo a vida deles e não a minha. Tão complicado, fiquei tão dividida, porque eles são tão legais comigo, mas quando vi tava hiper acomodada, sem me esforçar pra praticar o inglês, pra conhecer gente, sem querer sair... Dai a consciência foi ficando tão pesada... e a luz de alerta acendeu. Então abri meu coração pros dois e acredito que eles entenderam. Galéra, vô nessa!!!!


Então gente. Aí a solução apareceu. Conheci duas japonesas super Queridas na escola e conversando, soube que estavam procurando um lugar pra morar e queriam dividir com outra pessoa. Daí falei com a Kenia e o Darren e eles toparam alugar o porão deles pra gente. Vamos nos mudar em julho. Nova etapa. Novo desafio.


Maio passou e tudo começou a clarear. Na escola turma nova, professor novo, novo ritmo. Aprendendo eu estou, mas preciso urgente perder o medo de falar. Tô bloqueada pra caramba. Mas vai dar tudo certo. Eu sei que a segurança vai vir. Vou precisar de mais tempo. Decidi ficar aqui até outubro. Por mais que a saudade da minha vida esteja muito grande, eu tenho que atingir meu objetivo. E prometo que não vou abrir mão desta meta.


Vou tentar escrever com mais frequencia. Preciso "desanuviar" deixando as palavras e os sentimentos fluirem... eu sei que assim eu vou pra frente.


E é pra lá que eu vou.


Eu e a bolsa dourada.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Sopro de Luz











Click, Click, click... uaaaaau! óóóóóo! Nossaaaaaa!.... Foi isso que eu fiz e falei milhares de vezes nos 4 dias de viagem, onde tive o enooooorme prazer de conhecer Otawa, Montreal e Quebec! Êxtase. Tanta coisa linda pra fotografar... as cidades são charmosas, limpas, harmoniosas. Bem, mas quero contar minhas impressões de cada uma delas. Otawa é a capital do Canadá e, justamente por isso, a achei pequena, se comparada com Toronto. Em Otawa fica a sede do Parlamento, uma construção gigante e antiga. Maravilhosa! E eu dei tanta sorte, os quatro dias estavam belíssimos, e as fotos ficaram muito legais. Eu sei que ainda tenho muito o que aprender sobre fotografia, que melhorar meu olhar e aprimorar as técnincas, mas o fato é que eu sou muuuuuuito coruja com as minhas fotos, do jeitinho que elas são mesmo, com seus defeitinhos e tudo mais. Tirei muitas fotos do Parlamento... meus olhos ficaram êxtasiados. Foi muito emocionante. Ficamos apenas 3 horas em Otawa, porque na verdade o Parlamento é praticamente o único ponto turístico da cidade.

Seguimos viagem rumo a Montreal, no primeiro dia mesmo da excursão. Em Montreal eu pensei muito na Vivi!!! muuuuuito, viu Vivi!! Achei Montreal a CARA dela... Vivi estudou em Montreal no ano passado e foi quem me sugeriu escolher o Canadá pra estudar. Montreal é moderna, mas sem perder a essência e o charme da antiguidade. As casas em estilo Europeu são bem mais bonitas que as de Toronto. É uma cidade, vamos dizer... chique! Ainda mais que a primeira língua em Montreal é o francês, me senti em outro País. Nunca fui a Europa, mas pessoas da excursão que conhecem, disseram que é o mesmo clima e paisagem. Em Montreal aconteceu uma cena engraçadíssima. Eu e meus furos! Eu e a Luciana... ah! Deixa eu apresentar a Luciana! Luciana está passando um mês em Toronto e eu a conheci na escola. Ela é de Natal e digo de antemão que é um figura ÍMPAR. Engraçadíssima no jeito de falar, nas idéias e nos comentários... gente boa demais. Passei os dias com a impressão de que a conhecia ha muuuuuitos anos. Fizemos uma bela dupla de turistas! Então, mas voltando aos furos. Na excursão nós conseguimos praticar o inglês com outras pessoas de outros Países que também estavam viajando, mas eu entrei numas de quando não entendia, pra não perder a simpatia falava YES!! Um gozo, as vezes não tinha a menor idéia do que a pessoa estava falando e falava: YEEEEES! rsrsrsrs... Dai eu e a Luciana fomos almoçar num Restaurante francês em Montreal e na saída, o Gerente todo simpático nos levou até a porta, e me fez uma pergunta todo sorridente, que eu não entendi, mas prontamente respondi o famoso YEEEES, com um sorrisão... Tão simpática!!! E Luciana me cutucou: Ana, que Yes???!!! Ele perguntou se eu sou sua filha!!!! hahahahahah... é mole? Depois disso fiquei mais esperta e achei melhor trocar o Yes por: Sorry, can you speak slowly??? :)


Bem, depois de Montreal, fomos para Quebec. Uma pausa pra respirar.

MARAVILHOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOSA.

Nossa, fiquei absolutamente encantada por Quebec. Que cidade mais linda... as ruas, o comércio, as paisagens, as casas, os prédios, os monumentos... fantástica! Se eu tivesse a opção de escolher uma cidade para morar no Canadá, Quebec de longe seria e eleita!!!! A cidade transpira arte, romantismo, harmonia. Até agora estou na dúvida se é mais bonita durante o dia ou a noite, porque a iluminação da cidade é uma atração à parte. Exuberante. Passamos dois dias deliciosos em Quebec, visitamos o observatório, onde tem uma visão bem ampla da cidade, as ruinhas apertadinhas e lindas com as casinhas coloridinhas, levemente parecidas com as ruinhas de Olinda, no Brasil. Achei que Campos do Jordão lembra um bocadinho também Quebec... mas só um bocadinho! O bom é que tivemos Free time em Quebec, para cada um explorar a cidade a sua maneira. Eu e a "Arretada" da Lu saimos para fotografar, e quando a gente tava andando numa praça, onde fica um lindo castelo, na beira do rio, belíssimo, ouvimos o som de uma linda melodia, fomos procurando e encontramos um musico tocando saxofone. Nossa! Ficamos paradas mais ou menos uma hora ouvindo o musico tocar e observando as cenas que se desenrolavam ao seu redor. Cada cena! Muito romântico... um casal passeando com um bebêzinho no carrinho parou e iniciaram uma amorosa dança juntinhos, com maior carinho. E eu e a Luciana babando! Um pouco mais a frente outro casal namorava na maior paz do mundo, ao som do saxofone, num banquinho ao lado. Em outro banco uma família tomava sorvete. E em outro uma elegante senhora, já idosa, solitária... na minha imaginação, recordando algum amor importante em sua vida. Cenas simples e lindas... que me tocaram. Me emocionaram.

Aliás, o que mais me encantou nestas três cidades, foi a arte e a cultura que tem no ar. Em todos lugares que passamos tinham musicos se apresentando nas ruas, musicas de muita qualidade. Em outra ruinha apertadinha com lojinhas lindas e charmosos pub's, em Quebec, ouvimos na rua um muscio tocando Luiz Gonzaga no acordeón. Nossa, que emoção ouvir a música brasileira linda e de qualidade sendo reconhecida e apreciada numa cidade tão charmosa e aconchegante como Quebec, num País distante como o Canadá!!! Eu e a Lu ficamos de cara com a cena!

Este foi um passeio que valeu muito a pena. Adorei! Adorei! Adorei! Fez bem para minha alma, mas principalmente para os meus olhos!


Bem, mudando de assunto e aproveitando o gancho dos olhos, tenho uma novidade pra contar. Depois de trabalhar algumas vezes como faxineira (afe!!), consegui meu primeiro trabalho como fotógrafa (êêêêê!!!!!!!!!!!), vou fotografar um casamento. E o mais legal que eu achei é que a pessoa se interessou pelo meu trabalho através do meu FLICKR!!!! Óóó... Olha só a bolsa dourada soltando mais alguns desejos!! Tomara que ela se empolgue e libere outros e mais outros trabalhos como este!!! Tomaaaaara!

Tudo está valendo...








quarta-feira, 22 de abril de 2009

Luz no fim do túnel... Eureca!!!!


Ai que felicidade! O inglês finalmente está entrando na minha cachola! Genteeeee... que sensação gostosa! Hahahahah... ai que alívio! Achei que as coisas não iam nunca começar a se encaixar!!!! Que delícia começar a ler os textos que o professor dá e ir entendendo!!! Ai que tudo!!! É claro que meu vocabulário ainda é limitadíssimo e tenho muuuuuita coisa pra descobrir e aprender... mas gente! Tem uma luz no fim do túnel! Graças a Deus!

Hoje tô passando só pra repartir isso com vocês! Já está quase na hora de ir dormir e eu passei a tarde, até agora, estudando deliciosamente. Sabe quando você estuda gostoso? Adorando? rsrsrsr... que engraçado!

Estou me sentindo tão bem! Tinha que contar isso...


Este fim de semana eu e a bolsa dourada vamos viajar! Vamos conhecer o circuito "French Canadá", que são as cidades canadenses onde a primeira lingua é o francês: Montreal, Quebec e Otawa. Prometo que conto tudo depois!
YOU CAN HAVE OR DO ANYTHING THAT YOU WANT.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobre neve, aniversário e amor!


Nos últimos 10 dias vivi experiências que me levaram a muitas reflexões. Do nada, no dia 7 de abril, depois de dias ensolarados, temperatura deliciosa (de 10 a 15 graus), amanheceu NEVANDO em Toronto, em plena primavera. Fiquei de cara!! Lá vai eu tirar do armário bota, cachecol, casaco, meia de lã, etc... etc... Tadinha da bicicleta azul, tinha me levado pra escola um dia só! Ficou estacionada em casa. Nossa, me surpreendi chateada com o frio. Fiquei de mau humor, com um sentimento ruim... me senti praticamente uma canadense, mau humarada no inverno! Lembra que eu contei que nos dias ensolarados, com temperaturas mais amenas, o astral da cidade muda completamente? Pois é... da mesma forma (negativa), para os dias friiiiios (gelados!!!). Aí depois que eu me toquei disso... comecei a analisar a vida da gente como é... quantos dias de neve surpreendentes acontecem na vida, né? Do nada nos deparamos com situações que alteram completamente a nossa rotina. Tá tudo bem, tudo sol e de repente neva! Cada um tem um jeito de lidar com este tipo de situação, né? Tem gente que lida bem com as situações inesperadas... Outras não! Daí percebi que eu não tava lidando muito bem, tanto com a mudança de temperatura, quanto com as pedrinhas no sapato da minha vida. Como o inglês!! Aaaaaaai, que exemplo, hein!!! Mas é verdade... percebi que enquanto eu ficar brigando com o inglês eu não vou aprender! Da mesma forma... se eu ficar de cara feia por causa do frio... isso só vai ser ruim pra mim, porque vai continuar frio do mesmo jeito!!!


Vamos mudar a mentalidade!

Vamos quebrar paradigmas!!!!


Então... semana passada foi meu aniversário! Longe das meninas, longe do Brasil, mas perto de mim mesma! Meu dia foi muito legal. A Cassia, minha colega brasileira arretada, organizou um almoço brasileiro (Brazillian's Food) e convidamos os colegas estrangeiros. Detalhe: quem cozinhou???? Advinha? Eeeeeeeu! Mas foi muito legal... ficamos juntos a tarde toda... brasileiros, árabes, chineses, japoneses, coreanos e mexicanos. Integração da missigenação. E todos se comunicando (tá certo que DAQUEEEELE jeito... com aquele inglês lindo, né?) Mas tudo bem!!! Valeu muito... obrigado viu Cassinha! Você é muito figura! A noite voltei pra casa e ainda fiquei de conversa com o Darren e a Kenia até duas horas da manhã... muito engraçado. Os dois no maior pé de guerra (no bom sentido, hein!!!) pra escolher o nome do neném... e eu no meio dando meus pitacos! rsrsrsr... engraçado demais! Mas é claro não chegaram ainda a nenhum acordo. Mas voltando ao meu aniversário, antes de dormir fui dar uma espiada no orkut e nos e-mail's... nossa, aí pronto! Foi uma choradeira sem fim... tanta mensagem linda, tanta gente querida me mandando parabéns, desejando boa sorte... expressando o amor mais legal que pode haver, mais livre e completo! Fiquei muito emocionada e com saudades!!! Saudades múltiplas!!! E pensei que eu plantei sementes muito importantes na minha vida. Algumas delas não vingaram, mas outras cresceram tão bonitas e fortes, que mal posso acreditar! Isso é fantástico!!!! Um sentimento muito gostoso que tenho dentro de mim!


Então... outro assunto que me levou à profundas viagens interiores, foi a conversa sobre o amor que eu tive, em INGLÊS, com meu amigo árabe. Imagina isso! Só Deus sabe como trocamos idéias a este respeito... Mas o fato é que conversamos uma tarde inteira. Ele me contou que teve uma namorada por 5 anos e que eles tiveram que acabar porque a família dele não tinha o dote de 30 mil dólares para o casamento. Bom, pelo menos foi isso que eu entendi! rsrsrs... e dai ele resolveu rodar o mundo, uma pra esquecer a moça e outra porque parte da família dele foi assassinada nos conflitos que tem naquela região. Ele é mulçumano (é assim que escreve?) e não quer viver mais no seu País de origem. Na arábia o governo paga 2 mil dólares por mês para os jovens estudarem em outros países. Por isso ele veio. Um parênteses: aaaaai, imagina quando que isso vai acontecer no Brasil? Imagina que maravilha????. Voltando à história. Então ele veio pra Toronto e se apaixonou por uma colega de classe, no primeiro mês aqui... e pra ficar perto dela, apesar de falar inglês muito melhor que todos da classe, pediu ao professor pra repetir o nivel pra ficar mais perto da menina, que não tinha conseguido passar para o segundo nivel... ai ai ai e sabe o que aconteceu???? Como ele repetiu o nivel o governo cortou a verba dele! Ele vai ter que ir embora pra Arábia ou para outro País. Não vai mais poder ficar aqui. A menina chamou ele pra ir pro País dela, já que ele não quer voltar pra Arábia por causa dos infinitos problemas. Mas meu Deus, ir pra um lugar onde ele não conhece a língua (um pouco absurdo, né? Mas ele sabe disso!!!)... e ele passou a tarde me contando sobre esta agonia, a duvida se vai ou não, essas coisas. Detalhe, ele está apaixonado, mas não tem certeza se ela está também. Eles estão muito amigos e não ficaram nem juntos ainda! E ele quer casar com ela!!!! Que história... e eu gastei maior tempão pra falar pra ele ter calma, que é uma decisão que tem que ser muito bem pensada... essas coisas! Mas não sabia como! Nossa, que dificil. Ele tava sofrendo, eu queria ajudar mas nao sabia quais as palavras certas em inglês, pra dizer naquela hora. A que eu mais falei foi: Don't Worry... mas queria concluir a frase dizendo, vai ficar tudo bem, e não consegui. Mas sabe que ele entendeu tudo perfeitamente? Eu acho engraçado ele ter confiado em mim, me contar isso tudo. De repente passo confiança por ser mais velha, né? I don't know!


Ah o amor... o amor e suas facetas. As vezes faz a gente fazer tanta besteira. Eu vejo isso tudo como uma expectadora, e fico pensando: nossa, eles são tão novos e ainda tem tanta água pra passar por debaixo da ponte!!!! Agora, no presente, pra ele isso tudo é gigante, o sentimento ganha proporções inimagináveis, mas depois tudo vai passar e um dia não vai significar mais quase nada! Eu vivi coisas tão difíceis e fortes na minha vida... e hoje tá tudo tão lá trás... esquecido! Ou adormecido, não sei exatamente! rsrsrsrs...


Não sei o que vai acontecer com meu amigo árabe. Não sei o que vai acontecer comigo. Não sei se vai nevar de novo. Não sei se a bolsa dourada vai me ajudar a quebrar taaaaaantos e taaaantos paradigmas que tenho dentro de mim, para serem rompidos.


Mas eu acredito que sim. Que vai dar tudo certo. Pra todo mundo!

domingo, 29 de março de 2009

Aninha e sua bicicleta azul!




Ana e o Mar

O Teatro Mágico
Composição: Fernando Anitelli

Veio de manhã molhar os pés na primeira onda.
Abriu os braços devagar e se entregou ao vento.
O sol veio avisar que de noite ele seria a lua,
Pra poder iluminar Ana, o céu e o mar
Sol e vento, dia de casamento
Vento e sol, luz apagada no farol
Sol e chuva, casamento de viúva
Chuva e sol, casamento de espanhol

Ana aproveitava os carinhos do mundo
Os quatro elementos de tudo
Deitada diante do mar
Que apaixonado entregava as conchas mais belas

Tesouros de barcos e velas
Que o tempo não deixou voltar
Onde já se viu o mar apaixonado por uma menina?
Quem já conseguiu dominar o amor?

Por que é que o mar não se apaixona por uma lagoa?
Porque a gente nunca sabe de quem vai gostar?
Ana e o mar... mar e Ana
Histórias que nos contam na cama

Antes da gente dormir
Ana e o mar... mar e Ana
Todo sopro que apaga uma chama
Reacende o que for pra ficar

Quando Ana entra n'água
O sorriso do mar drugada se estende pro resto do mundo
Abençoando ondas cada vez mais altas
Barcos com suas rotas e as conchas que vem avisar

Desse novo amor... Ana e o mar

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Ana e a bicicleta!!!

Comprei uma bicicleta! Uma bicicleta azul. Ótima sugestão da Kenia, para economizar a grana do metrô e para conhecer a cidade com mais profundidade, que eu não pensei duas vezes para acatar. A partir do dia primeiro de abril (juro que não é mentira!), minha bike blue (ou seria blue bike? rsrsrsr) será meu meio de transporte em Toronto. Ontem tive o prazer de experimentá-la pela primeira vez. Estava um dia liiiiiiindo, 12 deliciosos graus! Praticamente verão (exagero)! Nossa, pude experimentar a deliciosa sensação de liberdade, aquele gostinho de infância... o ventinho gostoso no rosto. Gosto de descobertas! Ou redescobertas! Eu não andava de bicicleta desde que era criança!

Adorei!

Aqui em Toronto quando começa a esquentar, as bicicletas começam a pipocar nas ruas. Uma graça! E as pessoas andam felizes. As roupas vão ficando mais claras, os dias mais bonitos, a vida mais leve. Os casacos, cachecóis e botas abandonados e os bares abrem suas portas e janelas, e colocam pra fora as mesinhas e cadeiras. Ontem eu, a Kenia e o Darren fomos andando até o Lago Ontario (lindooo!!), que é um dos principais pontos turisticos daqui (que quero explorar com mais calma, outro dia, com a minha bike blue). Dai comecei a observar uma cidade despertando, as pessoas limpando a frente de suas casas, que, depois que a neve derrete, fica uma sujeira sem tamanho. Feio de ver! Em outros lugares famílias interagindo nos jardins de suas casas. Nas praças crianças brincando, jovens andando de skate e os lindinhos esquilos pra todos os lados... nossa! Como são bonitinhos e muitos! Fiquei impressionada.

Visiveis sinais da Primavera!

Hoje choveu, daqui uns dias as flores aparecem e tudo muda. Nova estação. Novo momento. Sexta-feira passada tive minha primeira entrevista de emprego. Para servir yogurt e sorvete num quiósque, dentro de uma galeria. Me enrolei com o inglês... afe! Sem chance. Mas foi legal como experiência. Fico aqui, as vezes, pensando o quanto é injusto e complicado para a vida da gente, essa coisa de cada País ter uma língua. Pôxa... que injusto eu não poder mostrar meus talentos e trabalhar com aquilo que eu tenho aptidão, porque não domino o inglês! Mas não adianta viajar... é assim e pronto. E a minha realidade é que estou a procura de um sub-emprego! Seja lá ele qual for, eu vou encarar.

Mas estou feliz com a Primavera. Com as mudanças e com as novidades. Agora eu estou triplamente poderosa, tenho uma bolsa dourada, um caderninho de anotações e uma bicicleta azul!




quinta-feira, 26 de março de 2009

Conheça-me!


As minhas fotos falam muito sobre mim, muito mais do que as palavras que eu poderia aqui utilizar para criar algumas definições. O momento que me sinto mais completa é quando estou olhando através do visor da minha camêra... é ali, tentando eternizar momentos, desvendando belezas da natureza, descobrindo ângulos inusitados e garimpando as expressões mais gostosas nas pessoas, que, deliciosamente, me sinto na minha mais pura essência. Assim, fotografando e deixando minha alma vagar, consigo estar em paz e ver fortalecido meu anseio de um dia a fotografia ser minha única e amada profissão.
Conheça-me!

terça-feira, 24 de março de 2009

E o seu inglês, como está?


Então... tenho recebido muitas perguntas a este respeito ultimamente e tenho pensado muito sobre isso também. Este pensar me deixa agoniada, às vezes, e, em outros momentos, esperançosa. Quem conhece um pouco da minha história pode imaginar o tamanho da responsabilidade que carrego nas costas por estar aqui para aprender o tal do inglês. Eu apostei alto nisso aqui. Deixei trabalho, filhas, família, minha gente e minha terra... para enfrentar este desafio de aprender uma nova língua. Então me cobro o tempo todo, e isso vai se tornando uma "paranóiasinha", sabe? Estou sofrendo. Queria acordar e, como num passe de mágicas, estar falando inglês fluentemente e entendendo perfeitamente tudo que as pessoas falam...


Semana passada encerrou-se o primeiro ciclo do nivel 1 na escola. Todos os alunos foram submetidos a um exame oral e um escrito, ambos para testarem os conhecimentos adquiridos ao longo do mês. O exame aconteceu na quinta-feira e na sexta o professor sentou com cada aluno para um feedback. Pra mim foi uma surpresa boa, eu até que fui bem. Tirei boas notas. Na escrita tirei 7,5 (valendo 10) e na oral tirei 8... mas ai conversando com o professor, ele me perguntou se eu queria já passar para o nível 2, e devolvi a pergunta. Ele respondeu que, na opinião dele, eu deveria ficar mais um mês no nivel um para adquirir um pouco mais de segurança... eu tenho errado umas coisas bobas, ridículas, como a confusão entre When e Where (que me mata! Deis do Brasil) e mais outras coisitas que ando confundindo na hora de formar frases. Bem, eu resolvi seguir a orientação do professor e fiquei de novo no nivel 1. A metade da sala foi para o nível 2 e a outra metade ficou. Daí foi outra separação, na mesma semana que deixei os italianos... mudaram também os colegas e o professor. Senti. O professor era muito legal, e os coleguinhas super divertidos. Então vamos nós para novas adaptações!


Mas estou contando isso aqui pra dizer que tem horas que fico desesperada, insegura, com medo de não aprender! Eu não estou aqui de férias e não posso, de maneira nenhuma, voltar pro Brasil sem ter o domínio da lingua! As vezes acho que isso me bloqueia. Sentir toda essa responsabilidade, e ficar me auto cobrando em excesso parece que são empecílhos para que as coisas fluam naturalmente. Preciso relaxar! Mas ao mesmo tempo noto um pequeno progresso, como por exemplo, consigo entender melhor o que as pessoas falam, e cada dia guardo na cachola algumas palavras novas... aí isso me dá esperanças. Na minha nova casa, a Kenia e o Darren falam em inglês o tempo todo, eles falam muito rápido e eu fico um pouco zonza... as vezes entendo, as vezes bóio... mas a verdade é que ando com medo de falar, literalmente bolqueada.


Ontem eu estava arrasada! Da escola fui pra biblioteca e fiquei até 5 da tarde, estudando sem parar. Tenho feito isso praticamente todos os dias. Aí vim pra casa e foi uma novela. Uma, que entrei tão exausta no metrô, que sentei e esqueci da vida... e passei minha estação de destino. Tive que descer na próxima, dar uma volta enorme pra pegar de volta o sentido contrário. Outra que quando desci na estação certa, parei pra pegar o streetcar, ele demorou horrores pra passar e quando passou estava lotado e ninguém conseguiu subir... afe! Dai resolvi vir andando... e são nessas horas que Toronto apresenta suas surpresas. Estava passando pela praça que fica pertinho da casa da Kenia e escutei o som de um saxofone, procurei de onde vinha e vi um senhor embaixo da luz linda do fim da tarde, sentado num banco, tocando seu saxofone, tranquilamente. Eu tive que parar pra ouvir e pra ver aquela cena com calma. Como se não bastasse a música tocante, o senhor estava sentado embaixo de uma árvore linda, e o céu estava tão azul, que dava até vontade de chorar de alegria! Coisas assim tem o poder de tirar a gente da tristeza, né? Eu peguei minha máquina cybershot na mochila e discretamente tirei algumas fotos (que não ficaram boas, infelizmente!)... senti por não estar com minha Nikon... com certeza teria feito belíssimas fotos.


Mas é assim que estou nestes dias. Acho lindo as pessoas queridas me mandando mensagens tão positivas e carinhosas... isso pra mim tem sido tão importante! De uma certa forma sinto que não estou sozinha. O meu coração anda apertado, mas sei que é uma fase... eu sabia que não ia mesmo ser moleza enfrentar este desafio. Mas vai dar tudo certo.


Outro dia vou contar, com mais calma, que agora a bolsa dourada e o caderninho de anotações tem uma nova companheira: a bicicleta azul. Aguardem.

quarta-feira, 18 de março de 2009

A primeira despedida



"...E assim chegar e partir...São só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida... A hora do encontro é também, despedida. A plataforma dessa estação é a vida desse meu lugar... é a vida!!!!!...".

Chegou ao fim o tempo da minha harmoniosa convivência com Mr. Rocco e Dona Chiarina. Este fim de semana me mudei de casa. A Kênia e o Darren me chamaram para morar com eles, por um preço bem mais em conta, e, como estudante vive duro e tem que se virar para economizar, achei a idéia ótima (além, claro, deu ter o privilégio de poder estar mais tempo perto dos dois, que são pessoas incríveis e queridas!). Eles moram no centro de Toronto e pra mim vai ficar muito mais fácil. Mas senti um certo pesar, inexplicável, por deixar os italianos. Uns dois dias antes de vir, eu já comecei a ficar "xororô". Eu revelei as fotos que tirei deles, da casa, dos netos, montei uma álbum, que ficou muito legal, e os presentiei. Eles adoraram! Ficaram emocionados. Não imaginei que fosse ter tanto significado pra eles! No album incluí várias fotos que tirei num domingo de manhã da Dona Chiarina fazendo massa caseira de macarrão, e o Mr. Rocco a ajudando, enfileirando numa mesa enorme os tubinhos longos de macarrão. Uma cena linda! Aí eles viram e disseram que aquelas fotos vão ficar para a posteridade, para os filhos, netos, gerações futuras. Que delícia! Delícia poder sentir que conseguimos construir uma relação de respeito, carinho e amizade, que eu faço questão de preservar, daqui pra frente. Eles já me convidaram para passar o domingo de páscoa com eles... me sinto praticamente da família! rsrsrsr...

No meu último dia com os italianos, acordei já com um nó na garganta sem tamanho. Tomei meu último breakfast com eles, mas não foi como os outros dias. Estávamos mais quietos, acho que tristes, né? Acredito que eles também estavam sentindo a minha saída. Aí subi e comecei a arrumar minhas coisas. Terminei, tomei um banho e desci para me despedir. Já desci chorando. Abracei Dona Chiarina e ela chorou também. Aquele, sem dúvida, foi um abraço de mãe e filha! Uma energia de amizade muito saudável, sabe? Nossa, que pena que eu ainda não estou dominando o inglês para poder dizer o quanto foi especial pra mim ter estado com eles e o quanto eu sou grata pelo carinho e atenção deles. Então o agradecimento ficou só com o : Thank you, very much! Mas no meu olhar eles entenderam. Tenho certeza.

Mr. Rocco me levou até a estação de metrô, e a partir daí lágrimas e mais lágrimas rolaram pelo meu rosto. O metrô vazio e eu chorando copiosamente, e é claro, tudo isso com trilha sonora... rsrsrs! (Um parênteses: eu acho que o MP3 é um ser vivo! É incrível, as musicas que ele escolhe para tocar são perfeitas para as cenas que tenho vivido aqui!!!! Inacreditável!!! Puta cara sensível!). Fiquei um tempo com a cabeça abaixada em cima da minha mala, chorando. Quando levantei pra respirar e tentar parar, vi que tinha um senhor me olhando com carinha de piedade. Me vi nele, que, com certeza, deve ter feito um filminho na cabeça dele, igualzinho eu faço nas minhas diárias viagens musicalizadas. Eu pude até imaginar a imaginação dele: "Ah coitada! Com todas estas malas deve ter sido abandonada pelo marido e vai procurar abrigo na casa dos pais (aí ele já imagina a cena da última discussão, ela implorando mais uma chance e ele dizendo que não a ama mais, que já está, inclusive, com outra pessoa)... ou quem sabe, está indo embora do País e deixando para tras um grande amor "...(Quem me dera!!!! rsrsrsr...). Mistura de sensações. naquele momento de desabafo senti um vazio muito grande, uma saudade da Cibele e da Bia, de toda família, dos amigos... do meu trabalho no Brasil, tão querido, que deixei pra trás. Senti solidão.

O vagão, depois de toda choradeira de 20 minutos, parou na estação College. Eu desci, com toda dificuldade com as malas e sacolas (um tormento...), e uma alma boa me ajudou carregando uma mala pela escada, que dá acesso à rua. Sempre tem gente boa nesse mundo, né? Fui andando bem devagarinho pra casa da Kenia, e as sensações foram se transformando... o dia estava lindo, uma brisa gostosa, calorzinho gostoso (10 graus! Ai que delícia!)... entendi que ali encerrou-se um ciclo e estava começando outro... e fiquei pensando nos encontros e despedidas que vivemos por toda a existência, em quantas pessoas que vamos conhecendo, amando, e deixando pela vida... Esta semana outro estudante estará no meu lugar na casa dos italianos, e assim... sucessivamente.

Mas o que ficou de bom é sentir que, da mesma forma que foi maravilhoso pra mim conhecê-los, pra eles também foi. E mais um trechinho da música linda "Encontros e Despedidas" do Milton, descreve muitíssimo bem meu sentimento: "Coisa que gosto é poder partir sem ter planos. Melhor ainda é poder voltar quando quero...".

E assim, em tão pouco tempo, eu e a bolsa dourada estamos em outro lugar, com outras pessoas, para novos e incríveis desafios!

terça-feira, 10 de março de 2009

O silêncio interrompido e o auto-corte




Mr. Rocco e Dona Chiarina são umas criaturas encantadoras! Adoro o respeito que eles tem comigo. Todos os dias, impreterivelmente, seis da tarde, ela sobe pra me chamar pra jantar. Eu acho muito cêdo, porque chega nove horas já tô com fome de novo! Maaaas, vamos seguir os costumes da casa, né? Por falar em costume, hoje aconteceu uma coisa que me tirou o fôlego. Normalmente o jantar aqui é bem silencioso, a TV ligada em frente à mesa, com o som bem baixinho, e ninguém fala nada. Todo mundo concentrado na mastigação e nas notícias do Telejornal, que, por sinal, eu só entendo pelas imagens, claro, né? Aí hoje, entre um intervalo e outro houve um break mais longo, extendendo assim o silêncio, e justamente neste momento, único, o Mr. Rocco soltou um arroto... mas não foi um arrotinho... foi um ARROTÃÃÃÃO!!! Estardalhando completamente com o silêncio. Eu parei de respirar! E mais engraçado é que ninguém falou nada... foi o mesmo que não ter acontecido nada. Deve ser costume deles, né? Pensei comigo: "Noooossa, mas o que eu faço com a vontade de soltar uma RISADOOOOOOONA?", aí comecei beber agua sem parar para manter meu auto controle. Nossa, que difícil... uma bobeira né? Mas todas as imagens engraçadas do mundo vieram na minha cabeça naquela hora. Sabe quando vc faz "pum" na igreija e não pode rir (e fica fingindo que não é com você????), quando acontece alguma coisa engraçada num velório... lugares inadequados para uma risadona? Pois é... fiquei com aquela sensação desesperadora de não poder rir. Lembrei dos jantares em Rondonópolis, eu, a Bia e a Ci... dai eu soltava um arrotão sem querer (mais querendo, sabe?), só pra gente morrer de rir... de brincadeeeeeira... e a gente ria gostooooooso!... Mas, enfim, aguentei firme... rsrsrsr! Depois eu ri tudo que eu tinha direito contando a história no MSN pra Karina... nossa, quase morri de rir, até chorei! Uma bobeira, né? Mas me fez um bem danado... fiquei leve, muito leve.




E pensar que hoje quando voltei da escola pensei: "hoje nao vai acontecer nada de diferente no meu dia..." Ah, tá bom!!!! Cheguei e tive que tirar uma sonequinha, porque tava um friozinho muuuuuito convidativo prum cochilo. Aí quando acordei e fui tomar banho, fiquei um tempo me olhando no espelho... olhando, olhando, olhando... vc sabe que mulher quando fica olhando muito pro espelho é que não tá gostando muito do que tá vendo, né? Aí resolvi cortar o cabelo!!!! Desci na cozinha e pedi uma tesoura pra Dona Chiarina, mal sabia ela pra quê, né? rsrsrsrsr... E corteeeeeeeeei... pouca coisa, mas corteeeei com maior sensção boa!! Cortei a franja e repiquei meu cabelo... e não é que ficou bom???? Eu fiquei parecendo com a Bia!!!! Juuuuro... muito engraçado! Me senti tão auto suficiente... corte de cabelo aqui é um absurdo de caro. Mas que legal, gostei da sensação! Ando ficando muito corajosa, né? Ah, mas se ficasse uma feiura, pelo mesmo eu não ia colocar a culpa em ninguém e ia assumir, com o maior prazer, a "cagada"!



Depois dos acontecimentos insesperados do meu dia, estou achando tudo engraçado... Tô rindo queném criança! Acho que é "bolsite dourada" aguda!!! rsrsrsr... coisa boa!

sábado, 7 de março de 2009

A vida no metrô


Agora só ando "musicalizada"! O celular que comprei aqui tem MP3, então vou pra cima e pra baixo ouvindo música. É muito curioso ver as cenas cotidianas, os lugares, as pessoas... enfim, Toronto, com fundo musical. Por exemplo, as cenas que vou observando diariamente no metrô, vão se tornando uma grande novela da vida real, com trilha sonora e tudo mais... vou criando histórinhas dentro da minha cabeça com o que vou vendo, o que torna o percurso entre escola, casa e casa escola, beeeem mais interessante.


No metrô consigo identificar quem mora e trabalha em Toronto, e quem está aqui de passagem, passeando ou estudando. Os estudantes sempre tem a curiosidade estamapada no rosto, são, em sua maioria, alegres (sensação típica de quem está descobrindo o mundo) e conversam entre si, ou ficam olhando pras outras pessoas, de repente com a mesma intenção que a minha, querendo descobrir quem é, e quem não é daqui. Quem pega metrô para ir trabalhar tem um semblante mais sério, cena que não é diferente, por exemplo, no metrô de São Paulo. Não ficam olhando pros lados, normalmente de manhã seguem lendo o jornal que é distribuído diariamente no metrô e agem com a naturalidade típica de quem tem o metrô como meio de transporte diário, há muitos anos. Fico vendo as pessoas e pensando: como será que é a vida delas, para onde vão, o que sonham pras suas vidas, o que sentem, se são felizes no amor, se são saudáveis, se sofrem... fico imaginando...

Nos finais de semana a leveza no semblante é visível no metrô, com exceção, é claro, das noites de domingo, onde as pessoas já estão com aquela cara de "aaaaai, amanhã começa tudo de novo!!!". Domingo passado eu estava voltando da casa da Kênia, umas sete da noite, e o metrô estava bem vazio. Então eu lá, na minha viagem, comecei a prestar atenção num casal de japoneses que estavam sentados na minha frente, um pouco mais a direita. Deviam ter, no máximo, uns 20 anos. Foi aí que fui notar que a menina estava de cabeça baixa, chorando, e o rapaz passando a mão no cabelo dela, meio consolando, sabe? Ele falava algumas coisas no ouvido dela, mas ela não se movia, ficava chorando e não levantava a cabeça por nada. Já criei uma histórinha pra cena. No mínimo ele deu um "pé na bunda" da japonesinha, e estava lá, com aquela sensação de consciência pesada, quando a gente sabe que está fazendo alguém sofrer, sabe como? Aquela era uma despedida. Ele tentou conversar mais um pouco, ela não quis, e ele se ajeitou e levantou, para descer na próxima estação, mas sem deixar de olhar para ela com um certo pesar. Então ele ficou em pé, já na porta do vagão, ao lado de onde estavam sentados. Passou o mão pela última vez na cabeça dela, levantou o rosto, fechou os olhos por uns segundos e fez uma cara de "puuuuts!". Nossa, que cena! A porta abriu, ele saiu e ficou parado do lado de fora vendo o metrô partir. E ela seguiu mais duas ou três estações, chorando copiosamente. Tadinha! Aquilo me cortou o coração... eu sei bem como é a dor que possivelmente ela estava sentindo. Quem não sabe, né? Parei pra pensar como os sentimentos são universais! Aqui, no Brasil ou no Japão, levar um "pé na bunda", é sempre terrível! "O amor é como o vento, que, quando sopra, não há nada que o possa trazer de volta...", sábias palavras de Rubem Alves.

Mas assim vou seguindo meus "dias musicalizados", já com uma baita saudade das meninas (ainda bem que tem internet pra gente se ver todos os dias) e ansiosa, porque queria muito já estar entendendo o que as pessoas falam e poder falar também... mas tem que ter calma, né? Eu sei! Sei que estou ansiosa porque ando com uma vontade monstro de comer chocolate... rsrsrsrs! Ah, e por falar em chocolate, essa semana aconteceu uma coisa engraçada. Eu parei numa banca de revistas no metrô pra comprar um chocolate antes de ir pra biblioteca estudar. Bom, pedir um chocolate e pagar é muito fácil... mas a dona da banca resolveu puchar papo comigo... ai ai ai... tudo começou quando fui pegar as moedinhas do troco, ela viu a minha mão tortinha por causa da artrite, e começou a perguntar o que eu tinha, e falou que eu tinha que ir no hospital e mais um moooooonte de coisas. Eu até entendi mais ou menos o que ela dizia, mas o duro é responder e prosseguir com a conversa. Como falar pra ela que estava tudo bem, para não se preocupar. Ai meu Deus! Só sei que ela começou a me dar um monte de receitas que, diga-se de passagem, eu não entendi "bulufas"... e não me deixava ir embora... Eu falava: sorry, I don't understand, I don't Speak English very well... mas nada, ela não parava de falar... ai ai... cada coisa! Assim que eu estiver falando melhor quero voltar lá para agradecer a atenção e explicar que, apesar da minha mão tortinha, eu estou ótima!


E vou vivendo este mundo de descobertas, sendo, todos os dias, também uma personagem da vida no metrô... com meus desejos, sentimentos, certezas e dúvidas... como todo mundo. A única diferença é que eu tenho uma bolsa dourada pra segurar todas as minhas pontas.
Ainda bem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

segunda-feira, 2 de março de 2009

A biblioteca


Hoje tive uma experiência incrível em Toronto, passei a tarde estudando numa biblioteca pública. Mas não é "uma" biblioteca... é A BIBLIOTECA! O prédio é maravilhoso, tem cinco andares, uma arquitetetura arrojada com todos os espaços interligados, dando uma amplitude fantástica para quem visualiza o local. E o mais legal que eu observei é o número de frequentadores da biblioteca... gente, é muito grande, podem acreditar, e o espaço fica TODO TOMADO! É gente pra burro! Aqui é muito interessante, as pessoas lêem em todos os lugares, nas praças, no metrô, nos pontos de ônibus, nos cafés, nos pub's... sempre encontro pessoas entretidas com seus livros, nos mais diversos lugares. São nessas horas que percebo a imensa distância entre a cultura de países menos desenvolvidos, como o Brasil, para os países que realmente levam a sério a educação. Em toooooodos os bairros de Toronto tem uma biblioteca, não tão grandes como esta que fui, mas com muitas obras importantes e necessárias.


Aqui as pessoas sentem um grande prazer em viver ampliando os conhecimentos. Já é um hábito para eles, desde a infância! Olha que coisa linda! Não sei se a energia de quem se concentra pra estudar se expande, mas o fato é que meu estudo na biblioteca rendeu muuuuuuito hoje a tarde. Porque sabe o que tava acontecendo? Na semana passada eu saia da escola e vinha direto pra casa. Chegava aqui umas 2h30 / 3h... e fazia o que? hein, hein, hein? Te dou uma chance!!! Ia pra internet procurar a Bia com a Ci, escrever no blog, ler noticias do Brasil, responder e-mail, etc.. etc.. etc... e estudar que é bom, só um bocadinho! E não posso perder o meu foco, né? Eu estou aqui com um grande propósito e não posso sair da linha! Então acredito que ir pra biblioteca depois da escola vai funcionar muito bem e vou adotar daqui pra frente este método. Então gente, possivelmente vou escrever menos no blog. Mas vou escrever sempre que der, porque é muito gostoso estar aqui escrevendo. Parece que estou conversando frente a frente com todo mundo e assim não me sinto sozinha.
Ahhh, e por falar em todo mundo, vai aqui um recadinho especial pra Mara Show e pra Dani Bananinha, amigas queridas dos bons tempos de Rondonópolis, que reclamaram porque eu não escrevi o nome delas no post onde contei do primeiro dia descobrindo a cidade. Gente Querida, meu coração não tem fronteiras, não tem limite de espaço... se eu não escrevi não foi por mal de jeito nenhum... é que vou escrevendo no embalo, sem ficar corrigindo, pra não perder a linha de raciocínio... só por isso! Não esqueço de vocês duas nunca, imagina! E é claro que eu queria muito que vocês estivessem aqui junto comigo vendo e vivendo nesta cidade linda e moderna! Tá bom??? Vocês não são menos importantes do que as pessoas que citei no post. Eu amo todo mundo! Amor livre de amigo!!!


Hoje eu ia contar do ski no fim de semana, mas a biblioteca foi tão forte no meu dia, que o ski perdeu a importância. Mas quem ficar muito curioso pra saber é só dar uma olhadinha no orkut, que as fotografias contarão, por si, as histórias!


Vou jogar dentro da bolsa dourada, também o desejo de adquirir muito conhecimento na minha vida! E realizar o improvável.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

O caderninho de anotações


Amigo é a coisa mais gostosa da vida! Tô pra dizer que é o sentimento mais completo e livre que se pode ter, porque é o amor em sua forma mais descompromissada, e por ser assim, dá leveza pra vida! Meus amigos tem o dom de fazer com que eu me sinta leve e segura. Eles acreditam tanto no meu potencial, que acabam me fazendo acreditar que eu sou mesmo forte e que posso ir looooonge... rsrsrsr! Fico tão emocionada com as manifestações de carinho que tenho recebido aqui de longe... mas não só agora, antes da viagem, aliás... desde sempre! me sinto tão honrada... o que será que eu faço pra merecer?


Eu ganhei um presente antes de vir pra Toronto, que me emocionou profundamente: um caderninho de anotações. Ganhei do Daniel Escobar, amigo muito querido que eu tive o prazer gigante de conviver por alguns anos em Mato Grosso. O caderninho vinha com uma dedicatória linda, de tirar o chapéu... vou transcrever um pedacinho do que estava escrito (tudo bem Dani? rsrsrsr....): "... à sua frente estão milhares de páginas em branco, esperando para serem escritas, Ana! Existem milhões de descobertas, novas amizades, gostos, cheiros e sensações para experimentar... espero que estas páginas lhe sejam muito úteis. Desabafe aqui, planeje, faça confidências..." , olha a sesibilidade do cara!! Eu choreeei quando li tudo que ele escreveu, tudo tão sincero. Eu realmente estou desabafando no caderninho, e me sinto sempre tão feliz quando escrevo nele... Hoje mesmo eu cheguei em casa com o coração apertadinho de saudade (tá vendo, não é tudo mil maravilhas, também!!!!), saudade da Ci e da Bia, do meu paaaai e dos meus irmãos. Saudade de toooooodos meus amigos. Ando pensando muito em todo mundo e pensando como Deus é bom por ter colocado tanta gente maravilhosa no meu caminho! Ai peguei toda essa saudade que tava me deixando meio tristinha e passei pro caderninho. Nossa, que delícia!!! Funciona muuuuuuito! rsrsrsr...


O caderninho fica do lado da minha cama, num criadinho mudo. Penso que o caderninho é o par perfeito pra bolsa dourada, que também fica no criadinho. No caderninho eu coloco as idéias e elas já saem automaticamente pela bolsa dourada... VIVAS!!! rsrsrsr... que exagero, também não é assim! As vezes a bolsa dourada demora pra dar vida para determinados desejos, porque tem coisas que precisam de tempo para estarem prontas pra vir pra vida da gente, precisam do momento mais oportuno para se tornarem reais. Vocês nem imaginam a fila de desejos que estão "chocando" dentro da bolsa... rsrsrsrsr!


Mas sabe, não é só o caderninho de anotações, sãos os e-mail's tão carinhosos de todo mundo, a torcida tão real, os comentários no blog, a preocupação... a energia boa que sinto na minha pele, no meu coração, no meu espírito. Uma energia sincera, de amor livre de amigo!!!! Por isso este post de hoje é pra dizer que eu estou aqui por causa também do apoio incondicional de vocês e da minha família... se todos, ou alguns, jogassem balde de água fria no meu projeto eu nunca viria, podem acreditar... porque eu preciso me sentir segura e forte, e isso é o que de mais precioso vocês fazem por mim: DÃO ASAS PRA MINHA IMAGINAÇÃO... rsrsrsrsr!!!! Vocês, o caderninho de anotações e a bolsa dourada!!!!!!



quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

First week of school!!!


Agora vou contar um pouquinho da escola. No primeiro dia não teve aula, foi só dia de orientações, que para mim foram desorientadas, porque o professores, assistentes e diretores falam tão rápido que eu cheguei a ficar zonza. Todos os alunos foram submetidos a um teste de conhecimento, para a identificação do nível e separação das turmas. Fiquei o dia todo na escola nessa de escutar e entender muito pouco, sorte é que eles deram um guia onde estava escrito tudo que falaram (sem parar... meu, parece que eles não respiram!), porque aí depois em casa eu li com calma e entendi... aaaafffe... cada coisa! No segundo dia fui para a sala onde estavam os alunos do nível 1, claaaaaro... rsrsrs! Como era de se esperar, aquela meninada, quase todos na faixa de 20 aninhos... aaaaafffe... mas de boa, tenho que conviver bem com as diferenças, em todos os sentidos. Acho que vai ser legal, vou resgatar um pouco a minha mocidade (ai que horrível! Melhor dizer, resgatar minha adolescência!).
Eu gostei muito do professor (Bryan), ele é paciente e faz gestos muito bem... rsrsrsr... o que pra mim neste momento é FUNDAMENTAL. Em alguns momentos eu fico pra trás porque teimo em ficar procurando o significado de tudo no dicionário, porque não tem como fazer um exercício sem saber do que se trata. Mas já estou me tocando que preciso mudar o método. Melhor acompanhar o professor e depois traduzir tudo em casa... aos pouquinhos vou me ajeitando. É muito gostoso voltar a estudar, ainda mais depois de 10 anos longe de uma sala de aula. É revigorante, é saudável!!! A maturidade nos desperta para uns conceitos muito ricos. Agora me encanto muito mais com o aprendizado e com os desafios do saber, do que quando tinha meus 20 e poucos anos. Pra mim agora parece que tudo tem mais valor e é uma delícia me descobrir assim.
E viva a diversidade!!!!!!

Meus coleguinhas são de tudo quanto é lado do mundo. Na sala são quatro coreanos, duas japonesas, dois árabes, uma mexicana, um canadense de Quebec (que só fala francês - este é mais velho que eu - Aleluia!!!) e duas brasileiras, eu e uma menina muito engraçada de Belo Horizonte, que fala inglês beeeeeem menos que eu, como se isso fosse possível! rsrsrsrs.... nós morremos de rir com a nossa ignorância. Eu tenho procurado estudar todos os dias, sinto uma leve melhora de quando cheguei pra cá. Agora já falo, além do sorry, thank you, ok e very good, o "Can you help-me? I need WATER , I need sleep, I need eat... rsrsrsr, e por aí vai! Mas ainda me pego pensando, meu Deus, será que eu vou conseguir falar essa lingua, com todas as variações? Como que pode uma palavra ter 367 significados (exagero!!!)... como que dá pra saber qual deles se aplica??? ahhh, mas se um monte de gente consegue, eu também vou conseguir... Bolsa Douraaaaaaaaada, help-me!!!!!
Ahhh... esqueci de contar! No sábado vou esquiar com a gurizada da minha sala, numa excursão da escola! este vai ser um bom tema para postagem no blog!! rsrsrsr...

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Andando e clicando...


Segunda-feira, 16 de fevereiro - Feriado em Toronto. Dia da Família! Acordei cêdo e já pensei quando sai da cama, ai meu Deus, o que vou conversar com a Dona Chiarina??? Na minha cabeça já fiquei tentando, sem sucesso, formar frases clichês em inglês... essa confusão é muito engraçada... pra não dizer desesperadora! (rsrsrsr...). Mas foi tudo bem, ela é muito simpática e se esforça para me entender e para me explicar as coisas também. Só que na hora do café eu senti que ela e o marido estavam discutindo algo sobre mim, tipo: " precisamos ensinar o caminho da escola pra ela..." mas senti eles com um pouco de má vontade de me levar até lá (agora sei que foi impressão minha!), eles diziam alguma coisa que a filha deles iria fazer o caminho comigo a noite... alguma coisa assim.

Dai eu pensei comigo, não vou ficar aqui parada o dia inteiro, vou me virar sozinha. Dai falei pra eles que eu ia (imagina eu, parecia uma macaca fazendo gesto e gaguejando algumas palavras em inglês! hahahahah....), aí eles gostaram!!! Mr. Rocco então começou a falar sem parar me explicando como eu pegava ônibus e depois metrô... eu entendi muito pouco o que ele disse, mas com um mapa na mão lá fui eu, com o jeito tranquilo, meio lerdo, típico de Ana Bustamante, andando devagar, fotografando e pesquisando no mapa.

Peguei o ônibus, parei na estação de metrô, sem saber que o passe de ônibus vale também para o metrô (prático, né?)... fui me informar no guichê do subway e quem estava lá???? Hã hã! Mr. Rocco!!! Ele estava lá conversando, dai eu fiz um tchau, sem entender muito porque ele estava ali e não me deu uma carona, mas normal... e lá fui eu! Metrô vazio, pouco movimento. Parei na estação St. George, conforme orientação dos italianos. Cheguei na Bloor Street - L-I-N-D-A! É uma avenida paulista mais moderna e muito melhorada. Fiquei maravilhada e fui andando devagar, fotografando e olhando no mapa... fui até uma altura da Bloor e percebi que a escola ficava na direção contrária. Daí voltei e encontrei a escola... para minha surpresa, quem estava em frente a escola? Hã hã... Mr. Rocco! Ahahahah... o italiano me seguiu para ver se eu não ia me perder, é mole? Achei engraçadíssimo, aí eu comecei a rir e ele também, sem parar. Depois começou a falar um monte de coisas que eu não entendi nada... rsrsrsr!

Mas foi legal a atenção dele, né? Gostei dessa gente!!!! Depois disso eu disse a ele ( naquela linguagem gestual fantástica!) que ia ficar por ali para explorar o centro da cidade. Da Bloor eu avistei a CN Tower, que é um dos principais pontos turísticos da cidade, uma torre altíssima e moderna, e eu decidi ir a pé até lá. Gente... eu andei mais ou menos umas três horas, e a torre nunca que chegava... fui no rumo, vendo ela de longe. Mas fui numa boa, aliás, numa ótima, olhando tudo, caminhando e fotografando!

Cidade linda, muito diferente de tudo que já vi... na rua o que se vê é uma missigenação fantástica. Pessoas de todas as partes do mundo, de todos os tipos, cores e jeito de ser... fui andando meio sem acreditar que eu estava ali. Fui pensando em tantas pessoas que adorariam estar vendo tudo que estava na minha frente. O Edinho, a Luana, o Escobar, o Villalba, a Karina, a Leidinha, a Clara, a Drica, a Vivi, a Valéria... imagina a Fatiiiiiiiiiiiiiiiiiiinha aqui! rsrsrsr... o Totonho, o Guto, o Mário, o Eduuuuuu, a Piu, a Ruth e o Marcelo, a Lê... os amigos da faculdade... a Cibele e a Bia, meu paaaai, meus irmãos... é incrível como nessas horas todas as pessoas que a gente gosta vem na cabeça da gente... dá aquela vontade de dividir. Andei, andei, andei... pensei, pensei, pensei... fotografei, fotografei... fotografei... e voltei pra casa no final da tarde beeeem feliz. Feliz de estar aqui e de ter tido coragem de ter feito esta escolha. Êita bolsa dourada!!!!!

Cheguei, e agora?



Impreterivelmente 22h30 o avião decolou. 14 de fevereiro de 2009. Em mim uma misselânia de sensações, no coração a dor de deixar as meninas (Cibele e Beatriz), que ficaram chorando do lado de fora da sala de embarque, nossa! Como é difícil a hora de separar, né? Frio na barriga ansiedade, curiosidade, e seu eu não souber me comunicar, e se me barrarem na imigração, e se perder a minha bagagem??? e se, e se, e se... todos os "ses" simplesmente não aconteceram. Eu cheguei as 5h40, passei pela polícia federal, fui entrevistada na imigração, consegui me localizar, e minha bagagem não foi extraviada! Ufffffa!


Cheguei em Toronto sã e salva! No caminho entre o aeroporto e minha homestay, o dia nascia em Toronto. Um céu azuuuuul lindo... paisagem de filme. Fiquei encantada. Estava frio (zero grau), mas não tinha neve, para minha frustração, que fiquei pensando que já tinha acabado a temporada das chuvinhas brancas! que nada... cinco dias depois nevou pra burro! Na homestay fui muito bem recebida por uma amável senhora italiana, que se chama Chiarina, com um típico jeitão de mãe querida. Conseguimos nos comunicar daquele jeito engraçado, nota 10 para nossa linguagem gestual!!! Ela me mostrou a casa, o meu quarto e depois me chamou para tomar um café. Eu fui, toda sem graça, com o dicionário embaixo do braço e o meu livro "Como dizer tudo em inglês - fale a coisa certa em qualquer situação" (rsrsrsr... piada eu tentando conversar!).


Ficamos um pouco juntas e depois fui arrumar meu quarto. A partir dai foi me dando um aperto no coração, porque já eram umas 9 ou 10 horas, e eu precisava falar com a minha família no Brasil pra dizer que estava tudo bem. Isso me deu uma agonia, porque eu não conseguia pedir a ela que me deixasse ligar, e depois eu pagava quando chegasse a conta. Eu tenho vontade de chorar quando me sinto impotente assim, acho que é porque sou muito independente e me desacostumei a me sentir frágil. Depois de um tempo a Kênia foi minha salvação, a Kênia é um anjo em forma de amiga que está me ajudando muito aqui. Ela já mora ha alguns anos em Toronto. Consegui falar com ela pelo celular e ela conversou com a dona da casa, e disse o que eu queria dizer, em inglês. Ela concordou, graaaaaaças a Deus! Aí liguei e falei rapidinho com as meninas e com o papai. Noooooossa, caiu a ficha do quanto eu estou longe de casa. Desliguei o telefone. Chorei. Chiarina viu, me acolheu com um abraço de mãe. Me ganhou! Que gracinha, né?


A tarde a família se reuniu para um almoço/jantar (quatro da tarde não dá pra saber o que é, né?)... típica família italiana, eles falam alto, dão risadonas, mechem muito com as mãos... muito engraçado! Uma barulheira. Chiarina e Mr. Rocco (husband - marido) tem três filhos e quatro netos. Eles se encontram normalmente nos finais de semana. Me senti muito peixe fora d'água no meio deles... simplesmente fiquei quieta observando... e só dizia, thank you, sorry, very good! ahahah... só!!!! no fim acabei subindo pro meu quarto e dormi super cêdo... tava muito cansada, o vôo foi super cansativo... mas enfim, deu tudo certo! Meu segundo dia foi muuuuito legal, era feriado em Toronto, Dia da Família, e fui descobrir a cidade sozinha... eu e minha bolsa dourada.


Começa aqui, Aninha e sua bolsa Dourada em: MEMÓRIAS DE UM INTERCÂMBIO



Uma coisa é imaginar um desafio pra sua vida. Outra coisa é vivê-lo. Como é fantástica a sensação de ver as coisas acontecendo e sentir o poder que cada pessoa tem de ser dono do próprio destino. Hoje me sinto assim, a autora da minha história... começo ver a vida como algo que pode (e deve) ser moldado. Quando comecei a despertar pra isso, de uma forma muito consciente, comecei a programar uma grande reviravolta pra minha vida: morar fora do País, coisa que antes, quando eu ficava parada esperando as coisas acontecerem, nem passava pela minha cachola! E aqui estou, em Toronto, no Canadá, ha 10 dias. Deeeez dias vendo e vivendo o novo, o diferente, o inusitado... o inesperado. Aqui neste blog vou contar coisas sobre a minha viagem, sensações, confusões e descobertas. O caminho de quem se deu conta da delícia de ousar!