terça-feira, 24 de março de 2009

E o seu inglês, como está?


Então... tenho recebido muitas perguntas a este respeito ultimamente e tenho pensado muito sobre isso também. Este pensar me deixa agoniada, às vezes, e, em outros momentos, esperançosa. Quem conhece um pouco da minha história pode imaginar o tamanho da responsabilidade que carrego nas costas por estar aqui para aprender o tal do inglês. Eu apostei alto nisso aqui. Deixei trabalho, filhas, família, minha gente e minha terra... para enfrentar este desafio de aprender uma nova língua. Então me cobro o tempo todo, e isso vai se tornando uma "paranóiasinha", sabe? Estou sofrendo. Queria acordar e, como num passe de mágicas, estar falando inglês fluentemente e entendendo perfeitamente tudo que as pessoas falam...


Semana passada encerrou-se o primeiro ciclo do nivel 1 na escola. Todos os alunos foram submetidos a um exame oral e um escrito, ambos para testarem os conhecimentos adquiridos ao longo do mês. O exame aconteceu na quinta-feira e na sexta o professor sentou com cada aluno para um feedback. Pra mim foi uma surpresa boa, eu até que fui bem. Tirei boas notas. Na escrita tirei 7,5 (valendo 10) e na oral tirei 8... mas ai conversando com o professor, ele me perguntou se eu queria já passar para o nível 2, e devolvi a pergunta. Ele respondeu que, na opinião dele, eu deveria ficar mais um mês no nivel um para adquirir um pouco mais de segurança... eu tenho errado umas coisas bobas, ridículas, como a confusão entre When e Where (que me mata! Deis do Brasil) e mais outras coisitas que ando confundindo na hora de formar frases. Bem, eu resolvi seguir a orientação do professor e fiquei de novo no nivel 1. A metade da sala foi para o nível 2 e a outra metade ficou. Daí foi outra separação, na mesma semana que deixei os italianos... mudaram também os colegas e o professor. Senti. O professor era muito legal, e os coleguinhas super divertidos. Então vamos nós para novas adaptações!


Mas estou contando isso aqui pra dizer que tem horas que fico desesperada, insegura, com medo de não aprender! Eu não estou aqui de férias e não posso, de maneira nenhuma, voltar pro Brasil sem ter o domínio da lingua! As vezes acho que isso me bloqueia. Sentir toda essa responsabilidade, e ficar me auto cobrando em excesso parece que são empecílhos para que as coisas fluam naturalmente. Preciso relaxar! Mas ao mesmo tempo noto um pequeno progresso, como por exemplo, consigo entender melhor o que as pessoas falam, e cada dia guardo na cachola algumas palavras novas... aí isso me dá esperanças. Na minha nova casa, a Kenia e o Darren falam em inglês o tempo todo, eles falam muito rápido e eu fico um pouco zonza... as vezes entendo, as vezes bóio... mas a verdade é que ando com medo de falar, literalmente bolqueada.


Ontem eu estava arrasada! Da escola fui pra biblioteca e fiquei até 5 da tarde, estudando sem parar. Tenho feito isso praticamente todos os dias. Aí vim pra casa e foi uma novela. Uma, que entrei tão exausta no metrô, que sentei e esqueci da vida... e passei minha estação de destino. Tive que descer na próxima, dar uma volta enorme pra pegar de volta o sentido contrário. Outra que quando desci na estação certa, parei pra pegar o streetcar, ele demorou horrores pra passar e quando passou estava lotado e ninguém conseguiu subir... afe! Dai resolvi vir andando... e são nessas horas que Toronto apresenta suas surpresas. Estava passando pela praça que fica pertinho da casa da Kenia e escutei o som de um saxofone, procurei de onde vinha e vi um senhor embaixo da luz linda do fim da tarde, sentado num banco, tocando seu saxofone, tranquilamente. Eu tive que parar pra ouvir e pra ver aquela cena com calma. Como se não bastasse a música tocante, o senhor estava sentado embaixo de uma árvore linda, e o céu estava tão azul, que dava até vontade de chorar de alegria! Coisas assim tem o poder de tirar a gente da tristeza, né? Eu peguei minha máquina cybershot na mochila e discretamente tirei algumas fotos (que não ficaram boas, infelizmente!)... senti por não estar com minha Nikon... com certeza teria feito belíssimas fotos.


Mas é assim que estou nestes dias. Acho lindo as pessoas queridas me mandando mensagens tão positivas e carinhosas... isso pra mim tem sido tão importante! De uma certa forma sinto que não estou sozinha. O meu coração anda apertado, mas sei que é uma fase... eu sabia que não ia mesmo ser moleza enfrentar este desafio. Mas vai dar tudo certo.


Outro dia vou contar, com mais calma, que agora a bolsa dourada e o caderninho de anotações tem uma nova companheira: a bicicleta azul. Aguardem.

4 comentários:

  1. Ana, essa história da linguagem é engraçada. A gente se acostuma cobrar muito mesmo e com o tempo você vai perceber que em alguns dias você acorda falando que é uma maravilha e entendendo tudo. Daí, no dia seguinte, ta uma porcaria de novo.

    Depois de um tempo eu cheguei a conclusão que isso é da gente mesmo. Tem dias que parece que eu não entendo uma palavra sequer de português e estou numa tremenda indisposição para falar minha própria língua. Imagine outra!

    Mas o melhor teste, acredite...é o teste de travar uma conversona em inglês com umas cachaças na cabeça. Você sente-se capaz de fazer um discurso na ONU, se bobear. Daí, no dia seguinte é que são aquelas coisas....heheheh

    Vai com calma e saboreie cada momento dessa experiência. Pode ter certeza que devagar a linguagem vai vir e quando vc menos esperar estará falando e se divertindo com isso.

    Beijos.

    PS: Estou ansioso por saber da bicicleta azul.

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  2. Ei Ana querida, já faz um tempoq eu passo por aqui pra ler seus posts, mas só agora atinei em comentar aqui.
    fico tããão feliz de ver que você está vivendo tantas experiencias ai. É isso ai! A impressão é que a gente amaduresce uma semana em um dia apenas, né? Fico lendo o que você conta do que sente com as coisas que vive ai e penso: CARACA! eu sinto isso aqui em São Paulo, nessa loucura dessa cidade! Ai imagino só como deve ser isso tudo em outro país, com uma língua estranha e tudo mais.
    Você é muuuuito forte! Vai muito longe! Tenho o maior orgulho em saber que o sangue que tá correndo ai corre por aqui também!!
    Um beijo enorme, cheio de saudades e energia boa pra sua empreitada! Se cuidaaa, té.
    Ahh, continua com esse blog maravilhoso que é uma catarse pra você e um deleite para nós!
    André.

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  3. Amiga, eu amo como vc escreve! Q saudade de vc... eu confesso q fiquei um pouco triste de vc nao vir agora... mas sei q tudo tem a sua epoca de acontecer. E nosso reecontro promete! Eu concordo com o q seu amigo Daniel diz... tem dias q a gente entende tudo q e uma beleza e tem dias q a gente nao entende porra nenhuma! Eu ja estou quase um ano ak e ainda passo por isso. Ontem fui abastecer meu carrinho e fiquei quase MEIA hora pra entender a porcaria do processo, pq ak nao tem frentista, sem contar q antes eu nao acertava o lado de estacionar o carro, q desse pra bomba chegar!!! kkkkkkkkkkkkkkkkkk Ai ai... e depois te conto mais q aprontei... Entao e assim mesmo, a gente se cobra de coisas q sao muito importantes pra gente, e q as vezes pros outros nao e uma coisa assim, digamos, um bicho de 7 cabecas! Eu tenho certeza de q vc esta indo muito bem e quando menos esperar vai estar entendendo mais do q imagina.
    Bj minha amiga e nao se cobre tanto! Aproveite tb pra relaxar tirando altas fotos, pois assim sua mente estara mais aberta pra receber mais informacoes.
    Amo-te! Deus te proteja... Amem...

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  4. Ola!!!!! Ana querida ,passei por aqui pra te deixar um beijão b dar uma força pra vc.Imagino que a barreira da lingua é um muro muito alto, mas acredite, qualquer hora vc ultrapassa e nem vai notar....
    Vc tá realizando um sonho que eu sempre tive e tenho até hoje ...de morar em outro pais , só pra falar inglês...quem sabe um dia realizo né?
    Beijão pro cê e fique firme. AH!!!!! continue escrevendo que adoro ler suas coisinhas..hehehe.

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