sábado, 7 de março de 2009

A vida no metrô


Agora só ando "musicalizada"! O celular que comprei aqui tem MP3, então vou pra cima e pra baixo ouvindo música. É muito curioso ver as cenas cotidianas, os lugares, as pessoas... enfim, Toronto, com fundo musical. Por exemplo, as cenas que vou observando diariamente no metrô, vão se tornando uma grande novela da vida real, com trilha sonora e tudo mais... vou criando histórinhas dentro da minha cabeça com o que vou vendo, o que torna o percurso entre escola, casa e casa escola, beeeem mais interessante.


No metrô consigo identificar quem mora e trabalha em Toronto, e quem está aqui de passagem, passeando ou estudando. Os estudantes sempre tem a curiosidade estamapada no rosto, são, em sua maioria, alegres (sensação típica de quem está descobrindo o mundo) e conversam entre si, ou ficam olhando pras outras pessoas, de repente com a mesma intenção que a minha, querendo descobrir quem é, e quem não é daqui. Quem pega metrô para ir trabalhar tem um semblante mais sério, cena que não é diferente, por exemplo, no metrô de São Paulo. Não ficam olhando pros lados, normalmente de manhã seguem lendo o jornal que é distribuído diariamente no metrô e agem com a naturalidade típica de quem tem o metrô como meio de transporte diário, há muitos anos. Fico vendo as pessoas e pensando: como será que é a vida delas, para onde vão, o que sonham pras suas vidas, o que sentem, se são felizes no amor, se são saudáveis, se sofrem... fico imaginando...

Nos finais de semana a leveza no semblante é visível no metrô, com exceção, é claro, das noites de domingo, onde as pessoas já estão com aquela cara de "aaaaai, amanhã começa tudo de novo!!!". Domingo passado eu estava voltando da casa da Kênia, umas sete da noite, e o metrô estava bem vazio. Então eu lá, na minha viagem, comecei a prestar atenção num casal de japoneses que estavam sentados na minha frente, um pouco mais a direita. Deviam ter, no máximo, uns 20 anos. Foi aí que fui notar que a menina estava de cabeça baixa, chorando, e o rapaz passando a mão no cabelo dela, meio consolando, sabe? Ele falava algumas coisas no ouvido dela, mas ela não se movia, ficava chorando e não levantava a cabeça por nada. Já criei uma histórinha pra cena. No mínimo ele deu um "pé na bunda" da japonesinha, e estava lá, com aquela sensação de consciência pesada, quando a gente sabe que está fazendo alguém sofrer, sabe como? Aquela era uma despedida. Ele tentou conversar mais um pouco, ela não quis, e ele se ajeitou e levantou, para descer na próxima estação, mas sem deixar de olhar para ela com um certo pesar. Então ele ficou em pé, já na porta do vagão, ao lado de onde estavam sentados. Passou o mão pela última vez na cabeça dela, levantou o rosto, fechou os olhos por uns segundos e fez uma cara de "puuuuts!". Nossa, que cena! A porta abriu, ele saiu e ficou parado do lado de fora vendo o metrô partir. E ela seguiu mais duas ou três estações, chorando copiosamente. Tadinha! Aquilo me cortou o coração... eu sei bem como é a dor que possivelmente ela estava sentindo. Quem não sabe, né? Parei pra pensar como os sentimentos são universais! Aqui, no Brasil ou no Japão, levar um "pé na bunda", é sempre terrível! "O amor é como o vento, que, quando sopra, não há nada que o possa trazer de volta...", sábias palavras de Rubem Alves.

Mas assim vou seguindo meus "dias musicalizados", já com uma baita saudade das meninas (ainda bem que tem internet pra gente se ver todos os dias) e ansiosa, porque queria muito já estar entendendo o que as pessoas falam e poder falar também... mas tem que ter calma, né? Eu sei! Sei que estou ansiosa porque ando com uma vontade monstro de comer chocolate... rsrsrsrs! Ah, e por falar em chocolate, essa semana aconteceu uma coisa engraçada. Eu parei numa banca de revistas no metrô pra comprar um chocolate antes de ir pra biblioteca estudar. Bom, pedir um chocolate e pagar é muito fácil... mas a dona da banca resolveu puchar papo comigo... ai ai ai... tudo começou quando fui pegar as moedinhas do troco, ela viu a minha mão tortinha por causa da artrite, e começou a perguntar o que eu tinha, e falou que eu tinha que ir no hospital e mais um moooooonte de coisas. Eu até entendi mais ou menos o que ela dizia, mas o duro é responder e prosseguir com a conversa. Como falar pra ela que estava tudo bem, para não se preocupar. Ai meu Deus! Só sei que ela começou a me dar um monte de receitas que, diga-se de passagem, eu não entendi "bulufas"... e não me deixava ir embora... Eu falava: sorry, I don't understand, I don't Speak English very well... mas nada, ela não parava de falar... ai ai... cada coisa! Assim que eu estiver falando melhor quero voltar lá para agradecer a atenção e explicar que, apesar da minha mão tortinha, eu estou ótima!


E vou vivendo este mundo de descobertas, sendo, todos os dias, também uma personagem da vida no metrô... com meus desejos, sentimentos, certezas e dúvidas... como todo mundo. A única diferença é que eu tenho uma bolsa dourada pra segurar todas as minhas pontas.
Ainda bem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

10 comentários:

  1. mamãeee , q sds boa sorte viu?


    lembre q eu ti amo !

    um bjo, bia

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  2. kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Amigaaaaaaa, vc e oooooootima!!! Eu fico ak rindo e imaginando as cenas! Eu posso ate ouvir a sua voz!!! Ai ai... mao tortinha foi demais da conta! Gente, colocar trilha sonora vendo tudo isso e demais! Eu tava pensando q ak tinha q ter um espaco pra gente colocar musicas junto com as fotos, seria um barato!
    No mais, to ak esperando ansiosamente a sua vinda, hein?!
    Bjao e muita luz!

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  3. Ana, eu também amo observar as pessoas nas ruas e muitas vezes imaginar as histórias que se escondem por trás de cada sorriso ou pesar.

    Eu li seu post e lembrei de um dia em que peguei o metrô aqui em Lisboa (aqui pronuncia-se métro) com a câmera fotográfica e acabei encontrando uma história. Aqui está ela:

    http://scoobar.blogspot.com/2008/11/uma-tarde-era-uma-tarde-de-outono-como.html#links

    Para além disso, vc ainda vai divertir-se muito com as situações que envolvem comunicação! Já gostei da senhora vendedora de chocolates!!! Volte lá e conte mais dela! Please!

    Beijos!

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  4. Ai querida!!!!

    Quantas saudades!!! É impressionane o poder que vc tem de se fazer presente. Li todas as suas histórias e chego a sentir o quanto é real, chego a ver sua carinha de espanto, ou mesmo gesticulando, impressionante!!! Este é realmente um dom maravilhoso com o qual Deus lhe presenteou, que agora se tornará muito mais evidente dentre tantas experiências a serem divididas conosco. Amei!!! E vou acompanhar fielmente!!! Vai ser minha novela diária..rsrsrsrsrsrr. Bjo e fica com Deus!!!

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Ahhhhhhhhhhhh...

    Não liga pra mensagem duplicada não, viu? Principiante já viu como é!!! kkkkkkkkkkkkkk

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  7. Ana, que beleza tudo isso!
    Estou muito feliz por você. É uma experiência ótima. Ainda vou fazer isso.. hehehe
    Estou torcendo por você e continuarei visitando seu blog frequentemente. Dei boas risadas com suas histórias. Saudades!! Beijão, Letícia

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  8. Querida, sei que você vai se dedicar ao máximo aos estudos,para cumprir todos os seus objetivos e isto está mais que certo... mas não fica muito tempo sem postar! Te ler já virou um vício.
    Lembrei de uma vez que a gente viu um avião passando e vc falou que ficava imaginando quem estaria lá dentro, viajando porque, feliz ou triste, qual seria a estória de cada um.
    O ser humano e seus sentimentos sempre te facinaram e agora, mais que nunca, você está sabendo transformar esta facinação em literatura!
    Bjo! Saudades!
    Piu.

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  9. Aninha, ri muito com a história, é tanta sensibilidade que da para sentir os fatos como se estivesse ao seu lado.
    Continue contando suas aventuras, assim não nos perdemos de vc.

    beijos
    Muita saudades

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  10. KKKKKKK
    Aninha, to me dobrando de rir da estória do árabe!
    Só vc mesma! Tô te imaginando tentando entender o que ele dizia e ainda tentando aconselhar!rsss
    Mas, coitado dele, né? Só assim pra gente perceber que tem estórias bem piores pelo mundo a fora. Vc sempre teve esta pose de "conselheira". Não é pela idade não! Talvez pela imagem de pessoa "séria".rs
    Que Deus esteja sempre com vc!
    bjs
    AH! A Clélia tbém te manda 1000 bjs!

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