segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Histórias de amor da vida real


Esse fim de semana estive imersa em família. O aniversário de 80 anos de um tio (Tio Chiquinho fofo) reuniu em Limeira, interior de SP, grande parte da Carneirada: a alegre e sempre efervescente família da minha mãe. Os "Carneiros" gostam de abraçar, beijar, rir alto, falar alto (bééééééé!), beber bastante (alguns não - bem poucos - vamos ser coerentes! rsrs...), e em comum a gente tem essa egrégora linda que nos alimenta com amor, sempre despretensioso e incondicional, que nos faz ser fortes e fofos, como os animais que denominaram nossa linhagem. 

Escutei e vi tanta história de amor esse fim de semana que não tinha como hoje não sentar para devanear. Desperdício não falar sobre. A primeira é a história linda da Tia Léa, que há tempos tenho vontade de contar. Na verdade a história dela dava era um lindo romance, com umas 250 páginas, daqueles que fazem a gente chorar de emoção. Infelizmente hoje eu só vou de resumo.  

A tia conheceu seu grande amor na adolescência: o Chiquinho Faria. Um amor infantil mas totalmente recíproco, que teve um fim por pura bobagem, decorrente de uma falha de comunicação e um mal-entendido. Ao se fazer de difícil, coisa que na época as mocinhas faziam muitíssimo, tia Léa perdeu o "bonde". O Chiquinho, chateado com ela, arrumou outra rapidinho. Isso acontece muito... rsrsrs... enfim, o novo namoro do amor da Tia deu certo, pegou velocidade, ganhou seriedade e se transformou em casamento. A moça era muito boa, pessoa de família de gente muito querida, e a Tia Léa, mesmo sofrendo, aceitou de coração o relacionamento, pois sabia que seu amado estava em boas mãos. O amor tem dessas coisas, né? Só que ela nunca mais ocupou seu coração, deixou o amor por ele adormecer, silenciar, ficar ali escondidinho, bem quietinho, imperceptível.... e seguiu adiante.

O Chiquinho foi feliz no seu casamento, teve quatro lindos filhos, mas infelizmente sua esposa adoeceu e faleceu, precocemente. Foi uma tristeza na cidade. Tia Léa também ficou triste em ver o sofrimento de seu ex-namorado, mas o amor (aquele adormecido e silenciado por aaaaaanos) abriu os olhos e disse bem baixinho nos ouvidos dela: "Ai... meu viuvinho!!!". A esperança fez morada em seus dias a partir dali, mas ela, sempre discreta, continuou o amando em silêncio. Passado um ano do falecimento da esposa do Chiquinho, uma irmã dele falou baixinho um dia no ouvido da Tia Léa: "E aí cunhadinha?", o coração deu até uma galopada e ela só pôde sorrir e pensar que algo estava acontecendo para que aquele sinal chegasse até ela! 

Depois disso vieram os cortejos e enfim... a reconciliação! Uhuhuhuuuuuuul!! Que alegria pra esse coração que esperou tanto! E eles não perderam tempo, logo se casaram. A tia recebeu com todo o amor do mundo os filhos do primeiro casamento para criá-los como mãe e ainda teve outros três capetinhas (hahahaha...), que são a alegria e divertimento dela. Os meninos (hoje homens só de tamanho e idade!) atormentam tanto a tia Léa que a gente fica até com dó, pegam-na no colo, jogam na piscina, beijam na boca... é muito engraçado, mas é amor genuíno, liiiiiiiiiindo de ver! Tio Chiquinho infelizmente se separou temporariamente da tia outra vez, faleceu anos atrás, mas deixou pra ela uma família que a ama imensamente. Fala a verdade se essa história não merece um livro cheio de detalhes? Isso é amor! E amor é superação.

Nesse encontro de família eu vi também tanta gente com saudade, que perdeu seus entes queridos, mas que estão prosseguindo a vida, se apoiando uns nos outros. Os filhos do tio Garoto, por exemplo, tão cuidadosos com o pai, que também perdeu seu grande amor. Lindo de ver! Isso é amor! E amor é superação.

Eu vi a minha prima Natália (que não via há mais de 10 anos), tão linda e guerreira, positiva, corajosa, com seu filho Inácio (motivo de suspiros constantes na festa, de tamanha doçura e encantamento que o menino tem), que nasceu prematuro e hoje estão lutando bravamente para superar as sequelas deixadas pelo parto fora de hora. Natália é uma lição de vida pra gente. Não reclama, só agradece e prossegue. Isso é amor! E amor é superação. 

O próprio tio Chiquinho, o aniversariante, com sua linda esposa Gabriela, que sofrem já pelos filhos que estão batendo asas e vão viver em outro país... tão longe! E mesmo sofrendo, incentivam, encorajam, deixam ir. Isso é amor! E amor é superação.

E a Patrícia, filha do Tio Chiquinho, que organizou a festa com tanta garra, demonstrando a alegria de nos receber em cada detalhe! Gente!! Os docinhos tinham carinha de carneiro! hahaha... olha que carinho mais gostoso! Eu de fogo não tinha coragem de comê-los, de tão lindinhos que eram... aí a Ana Luiza, sempre divertida e avacalhada, veio e espatifou com meu doce numa "dedada" só! Fiquei triste pelo meu carneirinho. Isso é amor! E amor é superação... hahahaha (sacanagem!).

Se eu for contar tudo que observei vou ter que escrever um livro sobre esse encontro lindo de amor. Cada um tem a sua história, a sua dor, a sua saudade. Estamos no mesmo barco porque a vida é assim pra todo mundo, imperfeita, mas linda do jeito que tem que ser. Como é bom ter uma família que nos ama, nos respeita e convive bem com a gente, mesmo com tantos defeitinhos (ou defeitões)!

Família é isso, gente!
Família é amor.
E amor é superação.

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

Sonho X Realidade

Sabe? Pensando aqui, me considero afortunada, eu já realizei muitos sonhos na vida! Muitos! Hoje mesmo, estou vivendo um sonho, muito desejado, por muito tempo, que é viver num lugar tranquilo, rodeado por natureza, sem muito barulho, perto da família e dos amigos, perto das montanhas (Aaaai... isso é o máximo!), conseguindo manter a mim e as minhas filhas financeiramente, tendo independência e autonomia de vida. Esse sonho nasceu do cansaço interminável de uma vida agitada, sem tempo pra nada, tendo que matar quatrocentos leões por dia para sobreviver, engolindo sapos incessantes para atender demandas urgentes de chefes ansiosos, exigentes e egocêntricos. Hoje, quando eu sento para tomar meu café da manhã sem pressa, e tenho a vista que eu tenho, escutando os passarinhos cantar, me deliciando com a Rádio Inconfidência de BH tocando no celular e não tendo hora pra chegar no trabalho eu suspiro fuuuuuuuuuuuuuuundo, com muita delícia, e faço uma oração em agradecimento à essa dádiva que é viver o sonho. 
O sonho fez a vida ficar perfeita? 
Não, não fez. 
Segura aí que logo destrincho o pensamento.

Quando eu era estudante de jornalismo, nos anos 90, eu chegava da faculdade à noite e me sentava na porta de casa para olhar pro céu. Ficava observando a luz dos aviões que passavam em rota acima da minha caixola e pensava comigo: "Eu ainda vou viajar muito de avião, vou ter uma vida agitada, vou viver em ponte aérea e conhecer o Brasil inteiro a trabalho". A calma excessiva do interior, nessa época, me dava nos nervos e eu queria agito, trabalho, movimento. De fato eu tive essa vida que desejei, viajei o Brasil quase que inteiro a trabalho, conheci culturas, pessoas, lugares incríveis e enjoei de tanto andar de avião. Esse sonho fez a vida ficar perfeita?... já já! 

Eu sonhei em ter um grande amor na minha vida e tive.
Eu  sonhei em ser mãe e fui.
Eu sonhei ser jornalista e atuei em praticamente todas as vertentes do jornalismo.
Sonhei em ser fotógrafa, consegui fazer cursos, ter ótimas câmeras fotográficas e amei cada segundo dedicado à esse job/hobby.
Sonhei em conhecer outro país e vivi meio ano no Canadá.
Sonhei em ser escritora, cá estou eu. 
Com tantos sonhos realizados, a vida foi ou é perfeita?

Tchan tchanãnã.... NÃO! 
O que sonhamos por dentro e o que vivemos por fora são coisas muito distintas. Quer ver?
- A vida agitada, com voos tão frequentes e rotina insana de trabalho quase me mataram e no fim eu já não podia nem ver avião mais na minha frente... hahaha... 
- O grande amor... bom! Melhor não comentar.
- Ser mãe foi e é maravilhoso, mas não passa nem perto de ser um mar de rosas.
- O jornalismo factual e o dia-a-dia insano de uma redação só serviu para me trazer grandes amigos, experiência e um pouco de esperteza (né Mara Santos? Hahaha...), no mais... NÃO É PRA MIM!
- Ser fotógrafa foi lindo mas a vida não deixou que o hobby fosse profissão por mais tempo porque as câmeras pesadas não se adequaram às mãozinhas tortinhas.
- Viver no Canadá foi inesquecível mas eu comi o pão que o diabo amassou para aprender inglês, que voltou capenga, e quase morri de saudades do Brasil e da minha gente!
- Ser escritora é maravilhoso, me realiza, me completa, mas é uma profissão super trabalhosa e que carrega uma responsabilidade gigante, sem contar que não é tão fácil assim conseguir clientes, eu até que tenho tido sorte. 
- E, por último: a vida nas montanhas! É ótimo viver aqui, mas tem dias que quero sair correndo, mudar, viver em outro lugar um pouco mais agitado (vai entender... rsrsrs...). Tem dias que calma demais parece que me distrai em vez de me concentrar.

Enfim... tô fazendo essa reflexão pra dizer que o sonho tem problemas. 

Ensinaram a gente a sonhar, mas não ensinaram que o sonho vem, mas vem para ser vivido na realidade e a realidade é do jeito que é: imperfeita. Por causa dessas imperfeições às vezes a gente vive o sonho sem nos darmos conta de que estamos vivendo o que desejamos tanto em algum momento da nossa vida. E o sonho passa despercebido. O sonho acaba.

O sonho tem problemas, mas talvez a realização completa dele seja justamente a capacidade de conseguirmos resolvê-los. A maioria (me incluo nesse rol) não resolve o que tem que resolver, pula de sonho em sonho e, assim, a realização nunca chega.

A vida nos dá tudo que queremos, quando temos VONTADE, quando desejamos com o CORAÇÃO e nos esforçamos para ter. Isso é fato! Mas, distraídos que somos, deixamos o sonho escapar, sorrateiro, no meio de tanta realidade. Aí a vida vem e ensina que tudo bem sonhar muitas coisas e tudo bem também mudar de sonho, mas que não está tudo bem deixar escapá-lo sem antes esgotar todos os recursos para vivermos aquilo que a gente quis tanto... problemas sempre vão existir, sonhos realizados não, eles se esgotam e nos abandonam, se não sabemos aproveitá-los da forma correta. 

O sonho realizado precisa de valorização para continuar existindo... se não, vira só mais um sonho que passou e que foi engolido pela realidade.



terça-feira, 3 de setembro de 2019

Sinais


Outro dia estava no aeroporto em São Paulo, esperando pelo voo que aconteceria dali a uma hora, e resolvi entrar numa pequena livraria para sapear. Os olhos toparam, de supetão, num livro cujo título era: "Propósito: A coragem de ser quem somos", na hora escutei a voz interna: "compre esse livro", mas eu não dei muita bola, pensei: 'deve ser mais um livro da moda!' e continuei o rolê dos olhos, já convencida de que queria comprar um livro pra ler na viagem. Rodei, rodei, rodei, mas os olhos toda hora voltavam para o tal "Propósito". "Cacete, vou folhear, vamos ver qual que é", e o olhar bateu direto na frase: "Os muros que você constrói ao seu redor para se proteger são os mesmos que o mantém isolado no mundo". Caraca! Comprei. Devorei a metade do livro na ida, a outra metade na volta e agora estou lendo de novo, rabiscando, anotando, bem devagar, para absorver melhor o conteúdo. Fiquei pensando depois o quanto são valiosas essas vozes interiores e como deixamos de aproveitá-las, na maioria das vezes, por pensarmos ser uma viagem da cabeça ou coisas do tipo. 

Ontem, conversando com uma amiga que passa por uma crise existencial (desse assunto entendo bem... hahaha), discursei, discursei, discursei e depois falei sobre o livro que estava relendo,  amando cada palavra, e o quanto a obra estava ampliando meu olhar sobre um caminhão de coisas. Quando disse o nome do livro ela ficou chocada: "Ana, só essa semana esbarrei com essa palavra três vezes, fui convidada para uma palestra sobre o tema, ganhei um livro com esse nome e agora você me fala do nome desse outro livro!". Ela ignorou os dois primeiros "chamados", não foi na palestra e não deu muita bola para o livro que ganhou de presente, mas entendeu o terceiro sinal. Nós duas divagamos longamente sobre os sinais que a vida nos manda e que teimamos tanto em ignorar. Eu, depois, fiquei pensando que sincronicidade louca essa e que bacana quando conseguimos percebê-la nos nossos dias!

A vida nos manda sinais. O universo, quando quer nos mandar recados, nos manda pessoas,  palestras, filmes, mensagens encaminhadas, áudios, frases escritas em muros, cartazes pregados em postes, livros! E o que fazemos? Fazemos de "desentendidos", sempre entorpecidos pela rotina diária, pela falta de fé no desconhecido, pela surdez emocional que nos impede de ouvir a nossa sábia voz interior. Quando o sinal é ouvido e entendido é isso o que acontece: um livro lotado de coisas que você precisa ouvir, uma "chapuletada" atrás da outra, mas totalmente para o bem! Escutar o chamado é percorrer o caminho mais calmo de volta pra casa, é encontrar sem querer uma pessoa que você está louca para encontrar, é encontrar a solução para aquele problemão que está te tirando o sono, é chegar no "Le Pettit" e ter a deliciosa torta de nutella com doce de leite que você ama... (Owwnnnnn!). Quando você precisa ouvir alguma coisa importante a vida vai te mandar aquele amigo querido, que vai enfiar o dedo na sua ferida até sangrar, mas vai te curar! Amigos de verdade são os segundos melhores portadores de recados do universo, são nossos "anjos da guarda vivos" e, por nos conhecerem tão bem, são sempre eficazes no quesito "acorda pra vida"! Hahaha...

Em primeiríssimo lugar a voz que mora dentro da gente é a opção que melhor pode nos guiar, mas é a mais difícil de ser ouvida, porque as interferências são monstruosas! Ela pode ser confundida com ego, com ideias pré concebidas, com preconceitos, com obsessores... vish! Tanta coisa que precisa de um post novo só para discorrer sobre as "interferências do eu"! 

A voz interna é a famosa intuição. Ela surge sutilmente, é sóbria, calma, certeira. 
Essa voz é a sincronicidade querendo agir na vida da gente. 
Há de se ter coragem para ouví-la e mais coragem ainda para seguir a recomendação! 
Ouça.
Como disse Guimarães Rosa: "O que a vida quer da gente é coragem".