terça-feira, 16 de junho de 2009

Weekend Cultural!







Durante 10 dias, todos os anos, Toronto se abre por inteira com a proposta de espalhar as mais diversas manifestações culturais, pelos quatros cantos desta encantadora aldeia multicultural. Estou falando do LUMINATO - Festival de Artes e Criatividade de Toronto, que este ano cedeu um belo espaço para a música brasileira, com a participação de músicos talentossímos, no evento chamado: Brazilian Guitar Marathon, que aconteceu neste sábado, num parque no centro da cidade. O dia tava lindo, aquele céu azul super inspirador, dia propício pra respirar cultura e permitir-se vagar. Então, fui lá, sózinha, assistir a apresentação. Dei este presente aos meus ouvidos com a nossa música brasileira tão linda, com tanta gente boa, com tamanha sensibilidade que emociona de um jeito que dá orgulho na gente, de ser de onde a gente é.


Consegui um lugarzinho embaixo de uma árvore e ali fiquei, me deliciando, por quase 4 horas. Foram 4 apresentações: Luciana Souza, Celso Machado, Yamandú Costa e os irmãos Sérgio e Odair Assad, premiados com o Grammy Latino. MPB de raíz, música clássica, arranjos ousados. Tudo uma delícia de ouvir. Mas o mais gostoso era ver a gringaiada aplaudir de pé a NOSSA MÚSICA! Delicia de ver isso! Juro, eu ficava até arrepiada.


Mas sabe, fiquei aqui escarafunchando na minha cachola pra tentar lembrar, mas acho que este foi o único show que assisti na minha vida completamente sozinha. Por um lado foi gostoso. Mas por outro eu senti falta de uma pessoa. Queria alguém comigo ali naquele espetáculo, alguém que iria ficar tão emocionado como eu de ouvir coisas tão bonitas. Senti vontade de dividir essa emoção... mas pensando bem, eu dividi sim, dividi por pensamento, por energia.


Então, no domingo fui a outro espetáculo, desta vez foi a apresentação do Cique De Soleil - de grátis. Na verdade fiquei um pouco frustrada, porque como era ao ar livre e tinha muita gente, não consegui ver muito bem. Consegui poucas boas fotos. Mas o pouco que consegui assisitir, foi de tirar o chapéu! Nossa, numa próxima vez que tiver oportunidade (e dinheiro, né???) quero ir assistir com calma.


Toronto é assim. Não pára de surpreender.
Sinto que preciso me entregar mais pra essa cidade.
Me entregar mais pra essa oportunidade.


Me entregar.


Bolsa douraaaaaaada!

sábado, 13 de junho de 2009

Pedaços de mim




É muito estranho viver longe da Cibele e da Beatriz. Tem dias que eu me pego pensando, que, aqui em Toronto, sem elas, eu não me sinto eu. E aí sinto que esse eu, sem filhas, sem amigos, sem família, é tão desinteressante e sem graça. Cibele e Beatriz são uma vitória na minha vida. E aqui, sem elas, parece que eu nunca conquistei nada. É claro que estas são apenas sensações equisitas, momentâneas, que passam pela cabeça. Mas a vida sem elas é muito sem graça.
As vezes me pego pensando em o que elas realmente pensam sobre mim e sobre esse meu tempo distante. Coisas que eu nunca vou saber. Mas no meu íntimo eu torço muito, com todo coração, para que elas entendam porque eu estou aqui longe delas. Às vezes sinto que elas entendem. Mas as vezes eu as sinto distantes, um pouco boiando sem entender muito bem porque eu deixei um ótimo emprego, nossa vidinha tão organizadinha e tudo que parecia ir tão bem, em busca de um desafio tão dificil, num lugar tão longe. Como será que é isso dentro da cabeça e do coração, de duas meninas lindas, com 13 e 9 anos???!!!
Eu sei que elas são muito fortes pra aguentar. Me orgulho muito delas por isso, mas meu coração fica cheio de dúvidas. Eu quero muito que elas sejam mulheres fortes. Que sejam mais decididas do que eu. E que aprendam com meus erros. Mas não quero que elas sejam carentes... carentes de amor de mãe.
Como contei no último post, decidi ficar em Toronto até outubro. Daí pedi a ajuda do meu pai pra contar isso pra elas com jeitinho, porque eu queria que elas entendessem direitinho e não ficassem griladas. Mas quando conversei com a Bia e toquei no assunto, ela começou a chorar e eu me parti em 1000 pedaços. Como é difícil ouvir um filho chorar pelo skype, sem poder abraçar e beijar dizendo baixinho: calma, vai ficar tudo bem! E o meu pai, sempre lindo, amigo e atencioso, fazendo a minha vez lá do ladinho dela. Nossa, que difícil. Aí ela falou assim: mas eu sou muito nova pra ficar assim sem mãe!!!
Eu só pude responder que isso ela só vai entender daqui uns anos, quando a nossa vida estiver muito melhor por causa deste esforço que estamos passando, agora, de ficarmos longe. Tudo vai ficar bem. Eu sei que vai.
O que eu sinto por elas é algo muito maior do que elas possam imaginar.
Muito maior.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Trabalhos, sentimentos e decisões











Tenho tanta coisa pra contar que nem sei por onde começar... ando muito relapsa com o Blog. I'm sorry! Mas é que o "bicho" tá pegando por aqui e parece que meu dia voa e não dá mais tempo pra fazer tudo que eu fazia antes. Engraçado!



Começou a pipocar trabalho pra mim como fotógrafa. Essa semana fiz um aniversário de uma socialite e um casamento de uma russa. Coisa mais engraçada eu no meio de um monte de gente falando russo. Afe, se o inglês eu já não entendo direito, imagina o russo! rsrsrsr... Mas mais uma vez a linguagem gestual foi minha aliada. A noiva era russa, mas tanto ela como marido, falavam inglês. Eu estudei bastante o vocabulário fotográfico com N possibilidades, mas na hora do branco era o gesto mesmo... e não é que no fim deu tudo muito certo? Que bom!



Eu não tinha noção do tamanho da responsabilidade de ser contratada pra fotografar um evento. Nossa, quando estou fotografando chego a suar frio pensando no resultado final do trabalho. Na cerimônia de casamento é o que há de mais estressante, porque tem alguns momentos específicos que você não pode perder. Lê-se por perder: desfocar, dar crec na máquina, falhar o flash, etc... etc... etc... E essa ansiedade só passa quando eu chego em casa, descarrego as fotos e analiso o material. E nos últimos três trabalhos consegui respirar aliviada, tudo ficou bem. Ufa...


Maio foi um Mês muito estranho pra mim. Aconteceram muitas coisas legais, como conhecer a Jane, mãe da Kenia, conhecer mais um monte de lugares lindos em Toronto (cada lugar!!! Depois escrevo um post só sobre isso. Prometo!), trabalho aparecendo, o nascimento do Lucas, que trouxe aquela gostosa lembrança da Ci e Bia bebês... maaas, por outro lado, não fiquei bem comigo mesma. Fui muito mal na escola, fiquei insegura, com a auto estima baixíssima... super crise existencial. Chorei muitas vezes e digo que foi o mês mais difícil, desde que cheguei aqui. Foi quando senti mais solidão, mais incapacidade de assimiliar o inglês, mais desespero e medo de não aprender. Nossa, sofri um bocado. Me senti super peixe fóra dágua no meio da gurizada da escola, sem paciência, fechada pra burro... nossa, um clima muito ruim. Um mês pesado na escola e no coração. Me afastei do meu foco. Fiquei fora do ar. Sofri.


Eu sinto falta de escrever aqui. Escrever coloca as idéias no lugar. Acalma os sentimentos. Escrever é uma entrega, uma abertura. Um pedido de socorro. Uma declaração de amor. Muitas vezes em maio sentei pra escrever e as palavras não vieram. O vazio não permitiu

Junho chegou e foi preciso tomar decisões. Mudar o foco, ou melhor, retomar o foco. Respirar fundo pra mergulhar mais de cabeça, com mais fôlego, mais determinação. Eu me envolvi profundamente com a família da Kênia, com o nascimento do Lucas e com tudo que diz respeito a vida deles. Mas quando percebi eu estava vivendo a vida deles e não a minha. Tão complicado, fiquei tão dividida, porque eles são tão legais comigo, mas quando vi tava hiper acomodada, sem me esforçar pra praticar o inglês, pra conhecer gente, sem querer sair... Dai a consciência foi ficando tão pesada... e a luz de alerta acendeu. Então abri meu coração pros dois e acredito que eles entenderam. Galéra, vô nessa!!!!


Então gente. Aí a solução apareceu. Conheci duas japonesas super Queridas na escola e conversando, soube que estavam procurando um lugar pra morar e queriam dividir com outra pessoa. Daí falei com a Kenia e o Darren e eles toparam alugar o porão deles pra gente. Vamos nos mudar em julho. Nova etapa. Novo desafio.


Maio passou e tudo começou a clarear. Na escola turma nova, professor novo, novo ritmo. Aprendendo eu estou, mas preciso urgente perder o medo de falar. Tô bloqueada pra caramba. Mas vai dar tudo certo. Eu sei que a segurança vai vir. Vou precisar de mais tempo. Decidi ficar aqui até outubro. Por mais que a saudade da minha vida esteja muito grande, eu tenho que atingir meu objetivo. E prometo que não vou abrir mão desta meta.


Vou tentar escrever com mais frequencia. Preciso "desanuviar" deixando as palavras e os sentimentos fluirem... eu sei que assim eu vou pra frente.


E é pra lá que eu vou.


Eu e a bolsa dourada.