quarta-feira, 24 de julho de 2019

Dor se supera com amor e com janta!


Nos conhecemos desde a infância mas a amizade mesmo começou a surgir na adolescência. Com cada uma eu vivi uma história diferente, mas todas grandiosas. Essas meninas lindas são o que a gente pode chamar de "antidepressivos dos mais eficazes que tem no mercado". Tanto que o nosso grupo no whatsApp se chama: "Janta das risadas".  Há pelo menos uns dez anos  nos reunimos, de tempos em tempos, para comer, rir e falar, mais do que a boca, diga-se de passagem. Já viajamos juntas também por duas vezes e foram as viagens mais incríveis da vida, terapia do riso total. Ontem teve janta, dessa vez o chorar também esteve presente, não literalmente, mas o compartilhar a dor, que cada uma estava carregando de maneiras diferentes.

Não está sendo um ano fácil pra quase ninguém, muitas perdas! Mais um motivo para a janta ser acionada, todas precisando de uma dose extra de alegria. Ai gente! Não tem coisa melhor nessa vida do que alguém que te conhece, desde sempre, te abraçar, te olhar e você não ter nem que dizer uma única palavra, não é não? Que preciosidade esse grupo! Quem te conhece sabe da sua dor, quem te conhece sabe da necessidade do ouvido e do abraço, ninguém precisa acionar ninguém, a gente só sabe... a gente só sente! Fico até emocionada em escrever isso, porque é a coisa mais linda esse sentir de forma tão genuína! 

Amigos assim tem o poder de nos curar. Chegamos pra janta com a orelhinha baixa, "xuéééés", e fomos embora numa algazarra digna de acordar a vizinhança! Ai que delícia! Que bênção! 

Para vocês minhas lindas eu deixo o meu amor e um poema, que diz tudo sobre nós! 

Amigos
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que 
permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que 
tivessem morrido todos os meus amores,
mas 
enlouqueceria se morressem todos os meus amigos !
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ... 
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. 
Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso 
lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.
 

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabemque estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. 
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.
 

E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não 
tem noção de como me são necessários,
de como são 
indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles 
fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.Se todos eles morrerem, eu desabo!Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda 
furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo 
comigo, todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só 
desconfiam - ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
Vinicius de Moraes 

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