domingo, 7 de julho de 2019

O trabalho e a missão de cada um


O trabalho não pode ser "só" um trabalho. A vida mudou muito quando me toquei que ele não podia "só" representar um ganho financeiro, uma distração, um refúgio ou uma forma de sobrevivência. Independente de qual for a atividade, penso que temos que trabalhar de forma que nosso ofício modifique vidas, proporcione algo de bom para alguma pessoa, seja uma facilidade, uma alegria, um contentamento, uma realização ou qualquer coisa nesse sentido. Por mais simples que seja a atividade acredito que qualquer um pode adotar isso para a vida profissional, com um sorriso ou um bom atendimento, podemos melhorar consideravelmente o dia de alguém.

Hoje me emocionei profundamente pois tive a confirmação desse conceito que adotei já há alguns anos. Atualmente estou no processo de pesquisa para o desenvolvimento de uma biografia de uma senhora linda e querida, que aos 91 anos, transborda alegria e vitalidade: Dona Ida Avallone, paulista que vive em Cuiabá desde 1964. Estava eu colocando a vida em ordem, depois de passar muitos dias longe de casa, viajando a trabalho, e recebi uma mensagem da Dona Ida: 

"Bom dia minha querida! Já estou com saudade. Você está sendo muito especial na minha vida, por diversas razões. Antes o meu conceito sobre o passado era muito diferente. Quando eu era convidada a falar em público, e foram muitas vezes, iniciava minha fala dizendo: 'o que me faz viver longamente  e feliz é porque vivo o dia presente sem me importar com o passado, que não pode ser modificado. Os erros cometidos não serão jamais alterados e só servirão para nos alertar a não cometê-los novamente'. Puro engano. O passado é importantíssimo e está me fazendo muito bem vivê-lo hoje.  Ter tido esta oportunidade de me relacionar com você está sendo extraordinário nessa fase da minha vida. Obrigada Ana, por tudo e principalmente por seu carinho". 

Tive que largar tudo o que estava fazendo e chorar. Que mensagem linda e providencial. Coisas assim dão sentido à minha vida, ao meu trabalho e a tudo que acredito sobre viver e conviver. Nessa semana passada que estive com Dona Ida, em uma das nossas conversas (entrevistas) eu disse à ela que precisamos ressignificar o passado, aprender com tudo que falhamos e que podemos sim dar um novo significado e olhar com beleza e amor para tudo que passou, mesmo as feiuras que fazemos na vida com as pessoas e com a gente mesmo, podem ser resgatadas, pelo menos dentro da gente. Ela ficou me olhando longamente e silenciou. Na hora fiquei até preocupada em ter falado demais,  ter invadido um espaço talvez doloroso que ela pudesse ter dentro do coração ou sei lá, ela podia ter pensado: "quem essa guria, que tem pouco mais da metade da minha idade, pensa que é para me falar sobre o passado e o jeito que temos de encará-lo?", mas enfim... ela silenciou e depois de alguns minutos nós prosseguimos.

Ela entendeu e assimilou o que eu disse.
Que bonito isso!

A  proximidade com Dona Ida tem me feito muitíssimo bem também. Eu até brinquei que ela terá que me adotar como neta, pois eu já a tenho como avó de alma, de amor, de consideração. Ela é extremamente carinhosa e querida, e nem sabe o quanto está me "aconchegando". 

Não importa onde eu esteja, eu quero poder significar algo a mais.
Não importa como eu me sinta, eu posso fazer alguém se sentir bem.
Não importa o dinheiro que eu ganhe, se eu não puder levar um pouco de luz para outras vidas.

Porque quando nada mais importar, se uma única pessoa nessa vida se importar comigo, eu posso ter a certeza e a alegria de que tudo valeu à pena. 

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