sexta-feira, 28 de junho de 2019

A solidão nossa de cada dia


Terminei de ler hoje um livro que ganhei no natal, do Leandro Karnal: "O Dilema do porco espinho - como encarar a solidão". De cara: RECOMENDO. Super recomendo. Li bem devagar, porque é forte o trem, precisei absorver muita informação preciosa e comparar com minhas vivências nesse quesito. Eu sempre fui meio "sozinhona" na vida, mesmo nos tempos de "badalos" constantes, rodeada de gente, família, filhas. Com o livro algumas fichas caíram. É bom. Tem que ter coragem para ler e reconhecer os monstrinhos nossos escondidinhos aqui, mas é muito bom. Com o tempo aprendi a me dar bem com a solidão, gostar da minha companhia, ficar em paz sem ter que necessariamente estar acompanhada e, como está explicado no livro, quando a solidão é benéfica ela é chamada de solitude, coisa boa que, garanto, não dói. 

Lendo hoje a última parte me senti de mãos dadas com o Karnal, compartilhando das mesmas ideias, é spoiler viu, gente? Se você quiser ler esse livro abandona esse post agora! rsrsrs... ele escreveu: "Desconfie de quem se isola sempre. Desconfie ainda mais de quem nunca se isola. Confie pouco em quem vive conectado. Tenha compaixão pelas pessoas que estão tão desesperadas para evitar a solidão que vivem de festa em festa, de post em post, de bar em bar levando seu desespero para beber. Solidão bêbada não ilumina, apenas tropeça e amanhece mais triste na calçada...". Nossa! Pausa para respirar. Isso é muito real, né? Quanta gente sozinha por aí com medo de encarar a si mesmo. E quanta gente sofrendo! Sofrendo até mesmo sem saber, entorpecidos pelos prazeres fugazes que o mundo oferece. 

E Karnal arremata: "Viver exige pausas, pensar implica certo isolamento, ser feliz com quem você ama é, acima de tudo, ter a experiência da solidão antes e durante o amor. Você precisa de muitas pessoas. Viver é amar e amar implica outros seres. Lembre-se apenas de que você também precisa de você e esse mergulho em si é vital. Quando olhar alguém em uma mesa de restaurante sozinho e feliz, passeando em um parque sem ninguém e pleno, quando ligar para alguém e a pessoa em um sábado à noite disser com serenidade: "Eu estava aqui pensando e lendo tranquilo", não se esqueça de lhe dar os parabéns. Aquela pessoa já descobriu a faceta libertadora da solidão tornada amiga e está apta para voltar ao convívio dos outros porque já convive consigo. Se você não se suporta, quem conseguirá fazê-lo?". 

E finish! Matou a pau. Gostei demais desse final. Se a gente não suporta ficar sozinho, quem poderá suportar a nossa companhia? 

O outro é muito importante na vida da gente, como aprendemos com a convivência com as pessoas! O outro é nosso espelho, se soubermos olhar a fundo podemos enxergar o que precisamos melhorar, ficamos cara a cara com os nossos defeitos. O outro é um grande desafio, se bem aproveitada a convivência nos liberta de muitas mazelas interiores. Mas olhar pra dentro... ah gente! Dói mas é completamente necessário! Auto conhecimento é vida e só podemos alcançá-lo em solidão. As vezes a gente precisa da gente mesmo, em isolamento,  para no futuro ser melhor pro outro. 

Se pensar bem, no fim das contas, nascemos sozinhos nesse mundo e vamos embora dele também sozinhos. Então viver é uma experiência individual e o outro, amigos, amores, família, são alegorias que Deus presenteou para nos dar um pouco de alegria (ou de tristeza) enquanto passamos por aqui para aprender que tudo, absolutamente tudo, é de dentro pra fora e nunca o contrário.

Vish... esse assunto dá pano pra manga, ficaria devaneando aqui a noite inteira e ainda assim teria assunto para boas prosas. Para quem não entende e não encara bem o desafio de ser só, leia Leandro Karnal, algumas fichas cairão e vai ser para bem, viu? 

Pra encerrar e incentivá-lo a ler, encerro com o resumo que o próprio escritor fez da obra: "Conseguir o exercício da solidão-solitude como um prêmio, fruto do seu esforço, um privilégio de busca, uma maturidade de vida, foi isso que falei o tempo todo". 

 Pra mim valeu muito! 



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