quarta-feira, 25 de abril de 2012

O resgate de um coração...


Quando eu era pequena e a gente morava aqui, no mesmo lugar onde moro hoje, eu e meus irmãos éramos loucos por cachorros. Todos que passaram pela nossa infância eram como se fossem mesmo "pessoas" da nossa família. Cada um que morria era um pedacinho arrancado de nós, e, com tantas perdas, acho que desgostei. Mas desgostei de um jeito estranho, depois que cresci tomei aversão, meeeeeesmo, por cachorros. É claro que era incapaz de fazer mal aos bichinhos, mas não entendia como que as pessoas podiam ser tão apegadas, a ponto de levar o cãozinho até pra dormir junto na mesma cama. Quem me conhece há mais tempo sabe muito bem disso, né Dani e Leila? As duas são amigas lindas que conheci nos meus anos em Mato Grosso, e que, se bobear, dão a vida pelos cachorrinhos delas. E eu, vivia implicando com elas, né mesmo, meninas?

Só sei que quando "voltei pra casa", consegui resgatar coisas maravilhosas aqui, inclusive o amor pelos cães, coisa que, juro, nunca imaginei que fosse acontecer. Quando vim com minha mudança pra morar no sítio, a casa já tinha uma habitante, a Meg, uma cadela de porte grande, raça não determinada (vulgo vira-lata), bem bonita e com um olhar cativante. Confesso que no começo fui bem resistente e já pensei egoisticamente: "ai que saco!". Mas com o passar do tempo a danada da Meg me conquistou e, quando dei por mim, toda manhã tava eu lá, fazendo carinho e dedicando um pouco do meu tempo pra conversar com ela. Pra Cibele e pra Bia não foi nada difícil gostar da Meg, porque elas sempre gostaram de cachorro e nunca passaram pelos meus traumas mal resolvidos de infância.

Mas aí a Meg entrou no cio, papai prendeu ela em outro lugar pra não pegar cria, mas não teve jeito, engravidou (cachorro engravida ou emprenha? rsrsr... nem sei!). Quando a barriga começou a crescer já imaginei aquele monte de cachorrinhos pelo quintal, fazendo a nossa festa.  Teria sido muito legal!

Ontem a noite a Meg entrou em trabalho de parto e alguma coisa não saiu bem. Hoje quando acordamos ela estava morta. Tão grande, tão forte... e lá, esticada sem vida, com vários cachorrinhos também sem vida dentro dela. Nossa, que triste! Nosso quintal perdeu um pouco a graça e a alegria. Nesse momento eu sinto uma grande vazio, mas ao mesmo tempo, sinto gratidão. Uma gratidão imensa à Meg por ter amolecido e tocado o meu coração, que andava tão endurecido pela vida.

Ela vai deixar muitas saudades, assim como a Lessie, a Crioula, a Duda, o Lordie... e, em homenagem a ela,
eu prometo que daqui um tempo vamos arrumar outro cachorro, pra continuar o trabalho de resgate, que a Meg começou.   Um beijo, querida!  



Um comentário:

  1. Adorei o seu blog Ana... e mais ainda a história da Meg... eu tenho pra mim que Deus nos manda esses seres abençoados.. de amor incondicional... para nos proteger e amparar nos diversos momentos da vida... acho que eles nos ensinam muito mais do que nós a eles... pode ter certeza que se Deus quis assim... - e eu acho que seu post prova isso - que ela cumpriu sua missão... Beijo enorme..

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