quinta-feira, 12 de abril de 2012

A vida sempre por um fio


Gente!!! Ontem quase fui mordida por uma cobra venenosa. Cheguei em casa à noite, depois de uma reunião, e as meninas esqueceram de deixar a luz acesa da garagem. Então deixei o farol aceso, acendi a luz e voltei pra fechar o carro. Quando voltei, tava ela ali, me olhando furiosa, e, em alguns segundos armou o bote. Ficou em pé, tão bonita e imponente, apesar de pequena, pronta pra se defender de quem praticamente a assassinou com a cabeça esmagada. Olha isso, eu quaaaase pisei nela no escuro!! Dei um jeito de voltar pra perto do carro e fiquei observando de longe. Aos poucos ela foi se acalmando, desarmou o bote devagarinho e seguiu pela grama afora. Ui!! Essa foi por pouco, hein?

Essas coisas sempre fazem a gente refletir um "cadim"e dar uma boa viajada nas coisas da vida. Mas sabe que tive uma viagem feliz? Pensei que, caso a "furiosa" tivesse disparado aquele bote imponente, acertando em cheio em mim, e se o veneno dela fosse fatal e eu não sobrevivesse, como que ia ser morrer poucos dias depois de ter completado meus 40 anos. Olha, embora eu seja nova (ou me sinta nova! rsrs...), tenha muuuuita vontade ainda de viver muitas coisas, eu acho que já vivi muito bem e não seria o "fim do mundo" morrer (hahah... essa é ótima!).

Sabe? Errei um bocado mas tive muitos acertos, experimentei viver de várias formas, conheci um mundaréu de gente, tive filho, escrevi livro, plantei árvore, enxerguei meus defeitos, reconheci minhas fraquezas, ri muito, chorei, sofri e sobrevivi, me entreguei na maioria das vezes, de corpo e alma, pras coisas que fiz. Amei. É claro que eu não queria morrer, mas se morresse acho que ia ter ido em paz.

É bom parar um pouquinho pra pensar, todos os dias, como seria morrer agora. Esse exercício pode trazer lições interessantes, para percebermos como somos frágeis e como estamos constantemente suscetíveis ao "o que virá". A vida é uma incógnita, mas mesmo sendo tão misteriosa, temos o poder de fazer dela "O" acontecimento. O acontecimento diário, pra morrer bem, pra morrer satisfeito. Ninguém quer morrer, mas todo mundo vai um dia... e é vivendo todos os dias bem que a gente vai ter uma morte boa.

Aí olho nesse momento pra minha varanda azul e penso na cobra, que está neste espaço em algum lugar, sã e salva. Que bom que ela apareceu ontem à noite pra me fazer pensar um pouco. Mas que bom também que não aconteceu nada de ruim com a gente. Nem ela atrapalhou a minha vida e nem eu a dela, né?

Se Deus quiser, ainda vamos viver muitos anos, muitas coisas ótimas!



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